Nº. 692 – A experiência do ministro de música – 05 jun 2005, p. 4

//Nº. 692 – A experiência do ministro de música – 05 jun 2005, p. 4

Nº. 692 – A experiência do ministro de música – 05 jun 2005, p. 4

 

Doc.JB-692

A experiência do ministro de música

Rolando de Nassáu

Muitos ministros de música têm alguma culpa pela atual situação do ministério da música nas igrejas batistas no Brasil: não sabem valorizar o verdadeiro culto “em espírito e em verdade”. Para valorizar o culto, o ministro deve discernir entre o sacro e o profano, e precaver-se contra a profanidade na música para o culto.

Mesmo que não sejam conhecidos ou sustentados pela liderança da igreja, estes princípios básicos são da responsabilidade do ministro: 1) procurar reverter o gosto da parte da membrezia que admite a música profana na igreja; 2) atentar para a beleza da música e o significado das palavras, evitando que os sons e os textos mundanos penetrem no culto. Se a igreja não valoriza os aspectos espirituais do culto, então dará pouca ou nenhuma validade à existência do ministro.

Muitos problemas do ministério situam-se na pessoa do ministro. O ofício é prejudicado, em certos casos, pelo mau relacionamento do ministro com o pastor. O trabalho do ministro, seus planos e realizações, deve ser acompanhado pelo pastor. O ministro deve saber o que lhe compete. Ser pianista ou organista, regente congregacional ou coral, não é ser ministro de música; ele não deve exorbitar, pretendendo ser “ministro de música, louvor e adoração”.

A maioria das igrejas não tem condições de remunerar um ministro. Há ministros que trabalham com pouca ou nenhuma remuneração. A partir do momento em que recebem, não a devida remuneração, mas uma ajuda-de-custo, contribuem para a disseminação da idéia de que ministros bem preparados, espiritual e tecnicamente, não são importantes para o culto da igreja, no qual a adoração é elemento primordial e fundamental. Os dirigentes musicais dos “shows” evangélicos são bem remunerados porque atraem multidões e trazem rendas para os promotores. Certos pastores não têm a preocupação de melhorar o nível da formação técnica e da remuneração do ministro, além de não compartilharem com os ministros os benefícios que recebem. A esposa do pastor, se é ministra de música, também merece receber remuneração. Parece, à primeira vista, que a solução do problema (não haver, nas igrejas médias e pequenas, recursos financeiros para sustentar o ministério) é fazer com que a igreja cresça. Por isso, há pastores e músicos que apelam às multidões.

Atualmente, os ministros estão sendo tentados a experimentar os estilos, os instrumentos e os ritmos da música profana; os que chegam a experimentá-los não sabem distinguir o sacro do profano. Uma ocasião para eles exporem-se à tentação dos modismos é a participação em congressos e festivais extra-eclesiásticos ou extra-denominacionais; nesses encontros espúrios, o ministro sente-se “livre” das peias impostas ou sugeridas pela igreja local ou pela Denominação. Há “congressos de louvor” onde os aspectos técnicos não precisam ser apreciados: o que se quer é a “celebração”, a “festa”, a “libertação”; neles propaga-se a idéia de que a congregação não precisa de ministro de música, mas de uma “equipe de louvor”; a massa quer ampla liberdade para cantar, dançar, alegrar-se, divertir-se … ; para tanto, pagaram ingressos. Nesses congressos, sempre há ocasião para introduzir sutilmente os temas doutrinários da preferência dos promotores dos eventos. A experiência acaba dividindo os ministros e causa atritos entre o ministro e o pastor, ou a igreja inteira; alguns pastores saem convictos de que não há necessidade de ministros em suas igrejas … Os preletores ensinam ser mais importante a completa liberdade no louvor; com palavras menos circunspectas: a música na igreja pode ser um simples “oba-oba” …

O ministro deve ser leal à sua igreja local e à sua Denominação. Ele deve conhecer as diretrizes e as tendências, procurando sempre resguardar os princípios básicos de sua atuação. A AMBB não é um sindicato em defesa de direitos trabalhistas, mas uma associação pela preservação da pureza da música a ser executada nas igrejas batistas. Neste sentido, deve haver coesão entre os ministros. A falta de coesão, no tocante à qualidade da música, acabará por dividí-los, desprestigiá-los e torná-los perniciosos.

É preocupante saber que, entre os 2.160 mensageiros inscritos, apenas um pequeno número de ministros de música inscreveu-se na 85a. assembléia convencional, realizada no Rio de Janeiro (RJ). Como também é motivo de preocupação, quando o ministro de música não se interessa pelas atividades dos outros departamentos da igreja local.

O pleno exercício do ministério, que enriquecerá a experiência do ministro, exige que ele: 1) escolha em sua igreja os cantores solistas que possam desempenhar sua função com a maior perfeição; 2) cuide do treinamento musical das crianças e dos adolescentes; 3) faça uma seleção criteriosa dos hinos e cânticos que serão entoados pela congregação; 4) supervisione as atividades dos coros e dos conjuntos vocais da igreja; 5) sendo o principal responsável pela música instrumental, verifique se os instrumentos são adequados ao uso sacro, evitando qualquer profanidade durante a execução musical na igreja.

(Publicado em “O Jornal Batista”, 05 jun 2005, p. 4).