(comentários sobre atividades de coros, no Brasil e no exterior)
A Associação Coral Evangélica (ACE), organizada em 1952 no Rio de Janeiro (ver: “Nassáu”, Dicionário de Música Evangélica, p.33) e suas congêneres em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraná e Goiás, nas décadas de 50 e 60 contribuíram para a divulgação da música sacra coral erudita entre as igrejas evangélicas, deixando marcas indeléveis no gosto popular da época.
Em fins de 1996, formou-se em Brasília um conjunto coral com o mesmo propósito, liderado pelo maestro Emílio de César. Em seu concerto inaugural, a ACEB executou obras de John Rutter, Randall Thompson, Vaughan-Williams, Franz Gruber, Tom Fettke e Ralph Manuel.
Fazemos votos no sentido de que Emílio de César persevere em seu ideal.
“BBC Singers” – Desde 1924, têm-se apresentado na rádio oficial britânica e nas salas-de-concerto.
Único coro da Grã-Bretanha a atuar profissionalmente em tempo integral e em caráter permanente, seu repertório é erudito.
Em 1988, fizeram um giro pelo Brasil, trazendo um repertório bem variado (Bach, Brahms, Britten, Vaughan-Williams, Elgar, Tippett, Holst, Ligeti, Swayne, Saxton, Villa-Lobos, Marlos Nobre e Almeida Prado). Foi uma das melhores apresentações de canto coral erudito já realizadas em Brasília.
“Cantores da Liberdade” – Criado em 1964 pela Igreja Batista da Liberdade, na capital paulistana, este coro (ver: “Nassáu”, pp.46 e 47) tem-se apresentado no país e no exterior. Está entre os melhores coros masculinos evangélicos do Brasil.
“Coral “Eclésia” – O coro misto principal da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (RJ), organizado em l9l5, foi reorganizado, em 1967, sob o nome de Coral Eclésia, por Anna Campello Egger (ver: “Nassáu – Dicionário de Música Evangélica”, p.59). Na PIB do Rio de Janeiro há tradição musical de alto nível artístico. Nos cultos dominicais, o Coral Eclésia tem executado trechos de obras de música religiosa erudita. Já se apresentou na prestigiosa Sala “Cecília Meireles”.
“Coral “Excelsior” – Nos últimos 47 anos, temos acompanhado as atividades do Coral Excelsior (ver: “Nassáu – Dicionário de Música Evangélica”, pp.53 e 54). Em quase meio século de existência, o Coral nunca interrompeu suas atividades precípuas. Tem-se apresentado em igrejas, salas-de-concerto, escolas, casas legislativas, quartéis, no rádio e na televisão. Seu repertório básico consiste de composições de Guilherme Loureiro.
Coro Infantil do Rio de Janeiro – Baseado no coro do Teatro Municipal (vinculado à Fundação de Artes – FUNARJ), o coro de Elza Lakschevitz há quase dez anos vem demonstrando o acerto da metodologia usada por sua regente no ensino do canto e na prática coral.
Em 1987 aquele coro tinha 33 integrantes (entre os quais Lize Decotelli da Silva e Muri Lakschevitz) e gravou o disco elepê “Villa-Lobos – Seleção do Guia Prático”, sob a supervisão de Edino Krieger.
“O Guia Prático” contém harmonizações de cantos folclóricos, com finalidades didáticas, tendo em vista a formação do gosto artístico das crianças brasileiras.
Andrade Muricy afirmou que a intenção educativa “é de muito superada pela genialidade da realização artística”.
O referido elepê constituiu-se em valioso documento fonográfico do folclore brasileiro.
Nesta década, o coro de Elza Lakschevitz evidentemente tem sido renovado em sua composição, mas a sua metodologia mostrou-se eficiente e eficaz, servindo de modelo aos coros infantís das igrejas evangélicas do Brasil.
Os coros das catedrais inglesas – Os ingleses sempre tiveram o gosto pelo canto coral. Esse gosto influenciou a liturgia das igrejas, desde a época da Reforma Protestante. Há mais de 400 anos, adultos, jovens e meninos têm sido recrutados para cantar nos coros das igrejas, nos dias da semana e nos domingos.
Os coristas, normalmente, dedicam muito tempo aos ensaios. O trabalho coral desenvolve nos coristas a aptidão intelectual e o gosto pela língua inglesa, além de aumentar o conhecimento dos textos bíblicos. O corista aperfeiçoa sua educação e experiência religiosa.
Dentre os coristas têm saído muitos compositores de música coral. Poucos músicos ingleses poderiam ser citados que não começaram suas carreiras como coristas de capelas, catedrais ou universidades.
Daí a importância das catedrais inglesas para o cultivo da música coral.
O canto coral, entretanto, deve ser um ato de culto. A música e o canto devem ser usados no culto cristão apenas como meios de aumentar a sua reverência, dignidade e beleza.
Qual seria o valor das catedrais inglesas, se nelas não houvesse o canto coral sacro?
O que importa não é o “altar”, mas “as dádivas sobre o altar”.
Esses pensamentos, extraídos de Edmund H.Fellowes (ver: English Cathedral Music, 5th ed. London: Methuen, 1973), ocorreram a propósito da vinda a Brasília, procedente de Oxford, em dezembro de 1997, do Christ Church Cathedral Choir; por ele passaram Henry Aldrich, Charles Harford Lloyd, Basil Harwood e William Henry Harris. No repertório deste coro encontramos missas de Byrd, Dvorak, Haydn e Lassus, motetos de Brahms e Poulenc, antemas de Elgar, Haendel e Walton, o “Gloria” de Vivaldi e a “Sinfonia de Salmos”, de Stravinsky.
“Hiero Madrigal” – Este conjunto vocal misto, dirigido pelo maestro Maurílio dos Santos Costa, tem o propósito de divulgar, sempre que possível em português, as obras-primas da Música Sacra. Tem-se apresentado, em cultos dominicais na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, desde l992, executando, entre outras obras eruditas, as cantatas BWV-l06 e 40, de Johann Sebastian Bach, traduzidas por Eugênio Gall.
Fazem parte do seu repertório: “Gloria” (A.Vivaldi), “Exultate Deo” (A.Scarlatti), “Todo teu viver” (D.Buxtehude), “Let Thy hand be strengthened” (G.F.Haendel), “Pai nosso” (G.Perruci) e “Aleluia” (R.Manuel).
“Homens Cantores de Vitória” – Procurando imitar “The Singing Men of Texas”, os “Homens Cantores de Vitória” é um coro constituído de homens membros de igrejas batistas do Estado do Espírito Santo, formado em 1994, que fez sua estréia no congresso da Aliança Batista Mundial, realizado em 1995 em Buenos Aires, Argentina.
Sociedade de Cultura Musical – Fundada no Rio de Janeiro (RJ) em 1981, sem fins lucrativos, é mantida pelas contribuições sociais e o patrocínio de empresas. Destina-se à divulgação da música sacra erudita. Mantém um coro misto (com 60 coristas, mais solistas profissionais especialmente contratados), um coro a capella (20 coristas) para execução de obras do período renascentista (Viadana, Philips, Gesius, Figulus, Palestrina, Lassus, Hassler, Morales, Tye, Byrd, Praetorius), um coro preparatório (para treinamento em canto coral), e uma orquestra (30 músicos), sob a regência de Ruy Wanderley (ver: “Nassáu”, p.162).
Sociedade Evangélica de Música Sacra – Fundada, em 18 de agosto de 1990, em São Paulo (SP), sob a inspiração do trabalho de João Wilson Faustini (ver: “Nassáu”, pp.73 e 74), em prol do aperfeiçoamento da música evangélica e do preparo de músicos, a SOEMUS tem como objetivos a integração dos músicos evangélicos, a edição de livros, partituras e discos fonográficos, a promoção de festivais e seminários, e o estabelecimento de entidade educacional na área musical sacra. A SOEMUS tem patrocinado a realização de eventos (seminários anuais e encontros de coros), editou as coletâneas “Ecos de louvor” e “Louvemos a Deus”, publicou a segunda edição do livro “Música e Adoração” e administra todo o acervo de publicações de Faustini. É mantida por meio de contribuições sociais, ofertas e doações.
“The Centurymen” – Este coro masculino (ver: “Nassáu”, p.170) veio ao Brasil em 1977. Na época, era considerado o melhor coro batista norte-americano. Buryl Red (regente) e Max Lyall (pianista) foram as “estrelas” do coro, pois estudaram na Yale University e na Juilliard School of Music, respectivamente. Red tinha lançado sua obra-prima (“Reconciliation”, 1975) e Lyall sua gravação de improvisações de hinos para piano (“Authentic Original”, 1977).
Naquela ocasião, os “Centurymen” cantaram irrepreensíveis, quanto a timbre, dicção e postura.
Na audição realizada na Igreja Memorial Batista, em 07 de março, pela primeira vez ouvimos o hino “Joyful, Joyful, We Adore Thee” (TBH-7), traduzido “Aleluia! Aleluia! gratos hinos entoai” (HCC-60), que desde então temos criticado, por ser música falsamente religiosa.
Em 1977, em nossa coluna em “O Jornal Batista”, indagamos: quando teremos nossos “Centuriões”?
O coro é formado por 16 sopraninos e 12 adultos, geralmente acompanhados no canto por um organista. Desde 1985, Stephen Darlington é organista e tutor musical. Os meninos estudam na escola da catedral e os adultos são funcionários e estudantes da universidade.
A função principal do coro é a de cantar, diariamente, nos serviços religiosos da catedral. Além de participar de extensas turnês no exterior, apresenta-se em programas de rádio e televisão na Grã-Bretanha.
Atualmente, o coro tem um contrato exclusivo com a “Nimbus Records”, para gravar obras de Byrd, Blow, Lassus, Purcell, Tippett, Vaughan Williams e Poulenc.
Em 1992, esteve pela primeira vez no Brasil. Em 1997, antes de cantar em Brasília, apresentou-se em São Paulo (Catedral Anglicana, Teatro Municipal e Mosteiro de São Bento).
Cantou também no Rio de Janeiro, com agrado geral.
“The Singing Men of Texas” – É um coro masculino, organizado em 1974 pelo departamento de música-de-igreja da convenção batista do Texas. Compõe-se de cinco coros regionais; deles fazem parte diretores de música de várias igrejas batistas daquele estado norte-americano. Os coristas reúnem-se regularmente para concertos e sessões de gravação.
Em 1982, sugerimos que as convenções estaduais no Brasil criassem coros congêneres.
Vozes da África – “O africano, na alegria canta um hino; na tristeza, murmura uma canção”.A música dos negros da África do Sul começou na década de 80 a receber atenção internacional, especialmente depois do lançamento do álbum de discos “Graceland”, gravados em 1985 por Paul Simon.
O grupo vocal a capella amador “Ladysmith Black Mambazo”, fundado em 1960 por Joseph Shabalala ( -1991), em 1971 passou a atuar profissionalmente, cantando canções folclóricas.
Em 1975, com a conversão de Shabalala ao cristianismo, o grupo iniciou uma fase de canções religiosas (“Não me abandones, Jesus”, “Quando a tempestade quer tragar a minha vida”, “Ele desceu do Céu”, “Soldados de Cristo, tende coragem”, “O sangue de Cristo”, “Que eu ame você mais do que a mim mesmo”), em língua zulu. Em 1990, houve mudança no seu estilo.
Na esteira dos sucessos do octeto “Ladysmith Black Mambazo”, surgiram outros grupos vocais africanos. No meio evangélico, no início da década de 90, destacou-se o Coro Central Evangélico de Luanda (Coceval), de Angola, que cantou em Copenhague (Dinamarca) e Glasgow (Escócia), e fez em 1991 um giro pelo Brasil. Compõe-se de 50 coristas, sob a liderança de Lutonto Garcia Competente, e propõe-se apresentar o que há de melhor na música angolana, cantada no dialeto kikongo.
Nos concertos em igrejas batistas do Grande Rio, a canção “Yisu Mu Nkenda” (Jesus me salvou) foi a preferida do público.
As canções do “Ladysmith”, particularmente as que integravam o seu repertório na segunda metade da década de 80, têm frases poéticas e musicais muito repetidas. As do “Coceval”, são melodiosas, bem mais interessantes.