Repertório

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Repertório 2018-03-01T18:53:50+00:00

(sugestões sobre a execução musical na igreja)

O canto coral, se a igreja admite sua execução (desde a Reforma Protestante no século XVI, há igrejas que o restringem ou proíbem), deve ser considerado parte integrante do culto divino.
No Brasil, há uma tendência entre as igrejas evangélicas, que adotam ou não uma liturgia, sejam consideradas ou não conservadoras, para minimizar a participação do coro, ou porque o culto é transformado numa festa comunitária, dando ensejo a maior atuação da congregação, ou porque a igreja não conta com recursos materiais e humanos para manter a atividade coral.
Nos últimos 30 anos, muitas igrejas abandonaram seus coros à própria sorte, e passaram a prestigiar as “equipes de adoração e louvor”, quando não atribuíram a alguns cantores (que imitam os “crooners” da música popular), ou a cantor mais desinibido, a tarefa de liderar o canto congregacional.
Além de orientar o canto da congregação, o coro destina-se a inspirá-la, por meio de uma execução técnica a mais perfeita possível, e uma interpretação artística a mais elevada em relação ao nível cultural da congregação.
A escolha do repertório do canto coral terá importância fundamental para o desenvolvimento da atividade coral e o aperfeiçoamento do gosto musical da congregação.
O canto coral poderá atrair para os cultos da igreja muitas pessoas, crentes ou não, que apreciam este tipo de execução musical, ou que não têm comumente oportunidade de ouvir um coro.
A educação musical dos adolescentes e jovens é muito estimulada pela atividade coral.
O repertório coral é baseado principalmente em arranjos de hinos tradicionais e em peças eruditas.
Os coros das igrejas evangélicas no Brasil têm cantado trechos dos oratórios “Messias” (Haendel), “Elias” (Mendelssohn), “A Criação” (Haydn), “As sete últimas palavras de Cristo” (Dubois), “São João Batista” (Schneider), “Oratório do Natal” (Bach). “A Paixão, segundo São Mateus” (Bach), “Um Requiem Alemão” (Brahms) e “Crucifixão” (Stainer); dos “Requiem” de Mozart, Berlioz, Verdi, Fauré e Victoria; de cantatas de Bach; de motetos de Vivaldi, Mozart, Bach, Haendel, Berlioz, Bruckner, Poulenc, Victoria, Lassus, Tallis, Schuetz e Purcell, o que os recomenda perante os aficionados da música sacra.
Para atender aos gostos musicais menos exigentes, executam “musicais” de compositores contemporâneos.

Embora consideremos o canto coral e o canto congregacional como partes vitais do culto, não devemos minimizar a participação da música instrumental.
Além de acompanhar os hinos da congregação e os antemas do coro, o organista, ou o pianista, deve preparar prelúdios, interlúdios e poslúdios, tornando-os partes integrantes do culto.
A música instrumental a ser executada antes do culto deve ter um propósito: preparar a congregação para o culto, num ambiente reverente.
Há muita música composta especialmente para ser usada na igreja; em particular, música para órgão, mais adequada ao culto.
Muitos compositores (o maior deles foi Johann Sebastian Bach) elaboraram ciclos completos de música para o ano eclesiástico.
Há organistas, e pianistas, que vão apressadamente assentar-se à console do órgão, e folheiam coletâneas à procura de algo fácil para leitura imediata.
Não é raro ouvir-se, então, música que é mera transcrição de alguma melodia profana.
Esses organistas, ou pianistas (os piores são os que executam ao piano arranjos jazzísticos dos hinos mais conhecidos), desavisados, tocam trechos de óperas e sinfonias, que dificilmente poderão desenvolver nos participantes do culto uma atitude reverente.
Apenas “uma bela melodia”, não é a apropriada ao culto.
Muitos compositores (Bach, Willan, Bingham, Sowerby, Thomson) de música para órgão usaram melodias de hinos.
As improvisações são admissíveis, contudo, poucos organistas, ou pianistas, são capazes de realizar arranjos musicais dignos e reverentes. O que temos ouvido são infindáveis divagações e espetaculosas pirotecnias no teclado.
A música de órgão baseada em textos bíblicos (por exemplo, a de Huber e Weinberger) contribui para o espírito de adoração no culto.
Existe uma grande quantidade de música instrumental a ser avaliada, para uso no culto divino, pelo organista, ou pianista, cuidadoso e responsável.

Uma função do órgão tem sido (ou, deverá ser) a de servir como uma extensão da voz humana; no culto divino, como extensão da voz da congregação.
Temos observado que, em muitas igrejas, a congregação abafa completamente a voz do órgão …
Outra função tem sido (ou, deverá ser) a de transmitir ampliadamente a emoção humana diante de Deus.
Mas as congregações, não tendo emoções puras e reverentes, não permitem ao órgão que exerça essa função …
O dever do organista é estar tecnicamente preparado para a execução de um repertório bem escolhido, que seja funcional, e não ornamental; que seja significativo, e não banal.
Um organista que pretenda atingir um nível artístico elevado deve começar a estudar as obras barrocas de Frescobaldi, Scheidt, Buxtehude, Couperin, Bach e Haendel, e as românticas de Franck, Widor e Messiaen.
É melhor que procure executar bem essas obras do que meter-se em variações e improvisações, que, ao contrário do que pensam muitos tecladistas, requerem paciência, prática e preparação técnica, além de estudo da harmonia aplicada ao teclado.
Mas essas obras só podem ser apropriadamente executadas com órgãos construídos com uma concepção litúrgica da música de órgão.
É indispensável que a igreja reconheça a importância espiritual do culto divino, entendido como verticalização da adoração, e não como horizontalização do êxtase coletivo, antes de valorizar a existência de um órgão-de-tubos em seu patrimônio espiritual.
A música de órgão é um luxo, ou é parte integrante do culto?

Para tocar, cantar, reger ou simplesmente ouvir, há, pelo menos, 53 obras de música sacra erudita apropriadas à celebração do nascimento de Jesus. Algumas já foram traduzidas para o vernáculo.
Oferecemos, a seguir, a indicação das referidas obras.
J.S.Bach

Oratório de Natal (BWV-248)
“Magnificat” (BWV-243)
Cantatas:
“Como brilha a Estrela da Manhã!” (BWV-1)
“Minha alma glorifica o Senhor” (10)
“Elevai a vossa alegria” (36)
“Foi por isto que veio o Filho de Deus” (40)
“Agora vem o Senhor dos gentios” (61)
“Cristãos, lembrai-vos deste dia” (63)
“Vêde como o Pai nos cumulou de bênçãos” (64)
“Louvado sejas, Jesus Cristo” (91)
“Que nossa boca se encha de sorrisos” (110)
“Devemos dar louvores a Cristo” (121)
“Jesus, recém-nascido” (122)
“Preparai os caminhos” (132)
“Eu me regozijo em Ti” (133)
“Doce consolo, meu Jesus chegou” (151)
“Trilhai o caminho da Fé” (152)
“Glória a Deus nas alturas” (191)
“Oratório de Natal” – As primeiras audições desta obra-prima de J.S.Bach foram realizadas nas duas principais igrejas de Leipzig (Alemanha), entre os dias 25 de dezembro de 1734 e 06 de janeiro de 1735.
Por “oratório” entendia-se, na época, uma obra musical própria para a ilustração de uma história bíblica.
O texto utilizado por Bach é atribuído a Christian Friedrich Henrici (Picander).
Em cada uma das seis partes, os coros aparecem alternados com as árias, os duos e os trios; a última termina com um coral de dimensões monumentais.
C.P.E.Bach
“Cantata de Natal”
“Magnificat”
J.C.F.Bach – “A infância de Jesus” (oratório)
H.Berlioz – “A infância do Cristo” (oratório)
H.I.F.Biber – “Cantata dos três reis”

B.Britten
“Uma cerimônia de cânticos natalinos” (cantata)
“Nasceu um menino” (cantata)
D.Buxtehude
“O menino recém-nascido (BuxWV-13)
“Doce júbilo” (BuxWV-52)
“Meu espírito alegra-se” (BuxWV-72)
M.Franck – “Tu, Jesus, criança tão doce” (moteto)
G.F.Haendel – “Messias” (oratório)
A.Honegger – “Uma cantata de Natal”
J.Kuhnau – “Como brilha a Estrela da Manhã!” (cantata)
F.Liszt – “Cristo” (oratório)
F.Martin – “O mistério da natividade” (oratório)

F.Mendelssohn
“Senhor, agora deixa teu servo sair” (moteto)
“Minha alma exalta o Senhor” (moteto)
“Do alto céu” (cantata)
G.Migot
“A anunciação” (oratório)
“A natividade de nosso Senhor” (oratório)
K.Penderecki – “Magnificat”
L.Perosi – “O Natal do Redentor” (oratório)

M.Praetorius
“Doce júbilo” (moteto)
“Um menino nasceu em Belém” (moteto)
“Venho do alto céu” (moteto)
“Ressoai louvores” (moteto)
“Pastores, a quem louvais?”
“Como brilha a Estrela da Manhã!” (moteto)
S.Scheidt
“Doce júbilo” (moteto)
“O anjo dirige-se aos pastores” (cantata)
“Um menino nasceu em Belém” (cantata)
F.Schubert – “Magnificat”
H.Schutz – “História da Natividade” (oratório)
R.Vaughan-Williams – “Magnificat”

Outras obras:

J.Clokey – “O infante Jesus”
L.C.Crouch – “Cante o Natal”
D.Culross – “Grandioso dom de amor”
K.Davis – “Quem é Jesus?”
T.Fettke – “Venha celebrar a criança Luz”
V.Geier – “Isto é Natal”
S.A.Gomes – “Resplandeceu a luz”
J.W.Peterson – “Rei dos reis”
R.M.Simão Santos – “Nasce alguém em Belém”
L.Smith – “Rei da glória”
J.M.Souza Soares – “Dádiva de amor”
R.Strader – “Príncipe da paz”
R.Strader – “Rei de amor”
C.Upshur – “Natal das crianças”

Aproximando-se o mês da realização do casamento religioso, os noivos, quase concluídos os preparativos de ordem social e material (marcação da data e horário, seleção do templo e do oficiante, expedição dos convites, escolha de padrinhos, recepção dos convidados e contratação do bufê), começam a pensar na música que será executada na cerimônia nupcial.
Com a intenção de prestar uma ajuda aos noivos, escolhemos peças musicais do mais alto nível artístico, a serem ouvidas por pessoas de fino bom-gosto, que diferem das comumente usadas naquela ocasião.
Na parte instrumental, a pompa fica por conta do trompete (Stanley, Purcell e Clarke), dos oboés (Haendel), dos instrumentos de cordas (Charpentier) e do órgão-de-tubos (Elgar e Widor).
Para o canto congregacional, escolhemos hinos ingleses musicados por Wesley, Purcell, Routley, Hampton, McCutchan e Nicholson, encontrados principalmente no “The Hymnal”; os hinos ingleses foram escolhidos porque não conhecemos outros que sejamtão majestosos. Não poderíamos deixar de prestigiar um compositor brasileiro: Marcílio de Oliveira Filho.
Na música para o canto vocal e coral, escolhemos o antema de Parry e peças de Haendel (oratório “Sansão”), J.S.Bach (cantata BWV-147, trecho “Jesus, alegria dos homens”) e Mozart (moteto “Exsultate, jubilate”).
Os noivos precisarão contratar: trompetista, oboístas, orquestra de cordas, soprano solista, coro e organista, que sejam competentes.
Fiquem tranquilos: não será necessário executar todas as peças …
Os noivos que conseguirem realizar o repertório, farão o casamento do século, pelo menos no tocante à música nupcial …
O que mais nos entristece é ouvir: marchas e canções de Mendelssohn e de Wagner, trecho operístico de Saint-Saens, melodias populares e o trecho coral da Nona Sinfonia de Beethoven …
Sugestão de repertório
1) Música para entrar no templo
J.Stanley – “Voluntários”, para trompete, em ré menor (Op.6, n°s 5 e 6)
H.Purcell – “Voluntário”, para trompete, em ré menor
J.Clarke – “Voluntário”, para trompete, em ré menor (“Marcha do príncipe da Dinamarca”)
G.F.Haendel – sinfonia do 3° ato do oratório “Salomão” (“Chegada da rainha de Sabá”)
M.A.Charpentier – “Te Deum” (prelúdio)
S.S.Wesley – hino “The Church’s One Foundation” (“The Hymnal”, n° 525, “The Baptist Hymnal”, n° 350, “Hinário para o Culto Cristão”, n° 504)
C.H.H.Parry – antema “I Was Glad”

2) Música para a cerimônia nupcial
H.Purcell – hino “Christ is made the sure foundation” (“The Hymnal”, n° 518)
E.Routley, C.Hampton, R.McCutchan – hino “Let All the World in Every Corner Sing” (“The Hymnal”, n°s 402 e 403, “The Baptist Hymnal”, n° 28)
G.F.Haendel – “Let the Bright Seraphim”, ária, e “Let their celestial concerts”, coro (trechos do 3° ato do oratório “Sansão”)
S.H.Nicholson – hino “God Be in My Head” (“The Hymnal”, n° 694)
J.S.Bach – “Herz und Mund” (Cantata, BWV-147)
Marcílio de Oliveira Filho – hino “Que Feliz É o Lar” (“Hinário para o Culto Cristão”, n° 595)
W.A.Mozart – “Alelúia” (trecho do moteto “Exsultate, jubilate”, KV-165)
3) Música para sair do templo
E.Elgar – “Imperial March”
C.M.Widor – “Toccata” (trecho da Sinfonia para Órgão, n° 5).