S/Nº. – Ambientes de culto (1) – R. T. Hollanda – 11 nov 2007, p. 12

//S/Nº. – Ambientes de culto (1) – R. T. Hollanda – 11 nov 2007, p. 12

S/Nº. – Ambientes de culto (1) – R. T. Hollanda – 11 nov 2007, p. 12

 

Ambientes de Cultos

Roberto Torres Hollanda

Em nosso livro “Culto – Celebração e Devoção” (Rio de Janeiro: JUERP, 2007) comentamos os formatos, estilos e ambientes de culto.

Formato é a forma pela qual uma igreja realiza os seus cultos.

Os formatos não são usados em sua natureza pura; podem ser mesclados; o que modifica o uso do formato é o estilo, a maneira de expressar o culto segundo fórmulas próprias escolhidas pelas igrejas e seus pastores.

Conhecemos, por experiência, os estilos de três igrejas batistas: Primeira do Rio de Janeiro, “Itacuruçá” e Memorial de Brasília. No decorrer de 50 anos (1957-2007) mudou sensivelmente o estilo de culto nessas igrejas.

Antes da década de 80, quando alguém entrava numa igreja, pertencente a uma denominação evangélica tradicional, sabia que tipo de culto seria realizado. Devido ao pluralismo e consumismo da sociedade pós-moderna, também se diversificaram os formatos, estilos e ambientes de culto. Para ser fiel à identidade denominacional, é importante examinar os conteúdos e as características dos formatos de culto; são compatíveis com a Palavra de Deus? respeitam as doutrinas batistas? Cada igreja, ao escolher o seu estilo de culto, deve refletir sobre essas questões.

Neste artigo, consideramos tradicionais as oito denominações e igrejas, protestantes e evangélicas, que atuam no Brasil desde o século XIX: anglicana (1810), luterana (1824), congregacionalista (1855), presbiteriana (1859), metodista (1871), batista (1871), darbista (1875) e episcopal (1890); contemporâneas, as pentecostais que foram organizadas no Brasil desde o início do século XX: Assembléia de Deus, Congregação Cristã e “Evangelho Quadrangular”, e, desde a década de 70, as neopentecostais: Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, “Renascer” e “Sara a nossa Terra”.

Adotam o formato litúrgico, além das igrejas católicas romana e ortodoxa, as igrejas protestantes luterana, anglicana e presbiteriana. Este formato tem o propósito de destacar a grandeza e a glória de Deus. Na Igreja Presbiteriana Independente (1903) o formato litúrgico é mais flexível.

Usam o formato ritual: as igrejas evangélicas reformada, puritana, congregacionalista e batista, visando enaltecer a bondade de Deus. Em certas igrejas batistas o formato ritual tem sido atenuado, quanto à rigidez na elaboração da Ordem de Culto.

O formato avivado é observado principalmente na igreja metodista, mas encontra adeptos em igrejas “ritualistas”. Algumas igrejas batistas, que saíram da Convenção Batista Brasileira, celebram o culto na forma avivada; algumas (organizadas desde o início deste século XXI) chegam ao formato extático; outras, importam costumes, trazidos por movimentos extra-denominacionais, por meio de espetáculos musicados (“musical shows”).

O formato extático (em que a congregação é levada ao êxtase espiritual) é praticado nas igrejas pentecostais e neopentecostais. A ênfase neste formato é louvar ao Senhor, relembrando o dia de Pentecoste.

O formato facilitador é o formato experimentado nas igrejas que seguem a orientação de “Willow Creek” (Bill Hybels), “Cristal” (Robert Schüller), “Saddleback” (Rick Warren) e “Vineyard” (John Wimber).

O objetivo original dos formatos avivado e facilitador era anunciar o Evangelho aos descrentes por meio de campanhas de reavivamento.

Em 2003 foi sugerido o formato alternativo, que pretende tornar a igreja relevante para a sociedade pós-moderna (op. cit., pp. 38 e 39).

Características dos formatos e ambientes

No formato litúrgico é conferida muita importância à reverência, ao planejamento e estruturação racional do culto, ao sermão baseado no calendário eclesiástico e ao uso de fórmulas para orações públicas.

O perigo é cair no formalismo, e, em conseqüência, no sacramentalismo e sacerdotalismo.

No formato ritual são enfatizadas a reverência e a tradição eclesiástica. O culto é orientado pela racionalidade. O planejamento e a estruturação do culto são baseados nos temas escolhidos pelo pastor e pelo ministro de música. No culto são incentivadas as orações espontâneas, dirigidas por pessoas designadas pelo pastor, e a leitura pública da Bíblia é feita com maior freqüência. Algumas igrejas “ritualistas” comportam-se, no “período de louvor”, como igrejas “avivadas”; note-se que, apesar disso, ainda são consideradas “tradicionais”.

No formato avivado o culto é orientado pelo emocionalismo. O reavivamento espiritual costuma estar na pauta da igreja, que estimula a participação do cultuante. O perigo é a ocorrência de manipulação psicológica do auditório.

O formato extático incentiva a descontração e espontaneidade do cultuante, que fica sujeito ao emocionalismo provocado pela sentimentalidade da execução musical. Há o perigo de subjetividade na leitura da Bíblia e de contágio psicológico por meio de testemunhos pessoais.

Em algumas igrejas o formato facilitador reserva o culto dominical para atender os “não-cristãos” que comparecem ao templo, quando e onde é realizado “show” de finalidade evangelística, sendo dramatizado o tema da mensagem pastoral, na qual é feita a contextualização da leitura bíblica. O perigo é dar oportunidade à mercantilização dos recursos de entretenimento da igreja.

Ambiente é o conjunto de condições materiais, morais e espirituais que envolve a realização do culto público da igreja.

Há dois ambientes de culto: o formal e o informal.

 

(Publicado em “O Jornal Batista”, 11 nov 2007, p. 12).