Doc.JB-732
Rolando de Nassáu
(Dedicado ao leitor Edson Lannes, do Rio de Janeiro, RJ)
Conhecemos Elza Lakschevitz desde agosto de 1951, quando pertencíamos à União de Mocidade da Igreja Batista “Itacuruçá” (Tijuca, Rio de Janeiro, RJ), onde ela iniciou suas atividades musicais como pianista e organista.
Elza em 1952 organizou o hinário “Vamos cantar!”, para ser usado no primeiro intercâmbio “ITAPRI” com a mocidade da PIB de São Paulo; para o segundo encontro, em 1953, Elza elaborou a música de um hino; assim começou sua carreira de compositora. A respeito dessa época, ela declarou: “Foram bons tempos aqueles, certamente os melhores da mocidade de Itacuruçá! Meu melhor tempo”. Na década de 50, Elza promovia concursos de música em Itacuruçá.
Fez seus estudos de graduação e pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (piano, órgão, regência e composição).
Em meados da década de 50, tivemos oportunidade de conversar com seu pai, Arthur Lakschevitz (1901-1981), na residência do Rio Comprido, e ficamos impressionados com as dificuldades do seu trabalho de compilação e organização de antemas para a coletânea “Coros Sacros” (ver: “O Jornal Batista”, 16 nov 80). Seu pai regeu o Coro de Itacuruçá (1952/1962); Elza, nos impedimentos do missionário-músico John Boyd Sutton (1967/1977); ambos eram regentes muito dedicados ao seu ministério musical.
Em 1959, Elza, então com 26 anos de idade, acompanhou, ao órgão, o Coro da Associação Coral Evangélica do Rio de Janeiro, que executou, na antiga Escola Nacional de Música (hoje, UFRJ), o “Réquiem”, de Mozart, sob a regência de Heitor Argolo. Sobre este concerto, escrevemos: “A organista Elza Lakschevitz recebeu, quase à última hora, por motivo de enfermidade do professor Antônio Silva, a grave responsabilidade de acompanhar o coro e os solistas; sua execução foi tecnicamente escorreita e discreta, como convém à música sacra, e a interpretação artísticamente sóbria e solene” (ver: OJB, 05 nov 59). Por causa de seu desempenho, concedemos a Elza o título de “melhor acompanhista” no ano de 1959 (ver: OJB, 11 fev 60).
Entre 1960 e 1969, por termos mudado nossa residência para Brasília, não tivemos oportunidades de ouvir Elza. A partir de 1970, Elza dedicou-se à regência coral. Foi responsável, durante 15 anos, como coordenadora de coros do Instituto Nacional de Música – Fundação Nacional de Arte – FUNARTE), pelo programa de apoio e estímulo à atividade coral no país.
Em 1971, regeu, no STBSB, a cantata “As sete últimas palavras de Cristo”, de Dubois. Os evangélicos em geral e os batistas em particular desenvolveram o canto coral em suas igrejas.
Em 1979, foi criado o Projeto “Villa-Lobos”, para melhorar o nível técnico dos regentes; Elza foi nomeada coordenadora (ver: OJB, 05 set 82).
O gosto musical dos batistas foi melhorando. Em 1982, Elza regeu os coros juvenil e jovem de Itacuruçá; no repertório constava uma cantata do compositor barroco Buxtehude!
Elza regeu o Coro Infantil do Teatro Municipal do Rio de Janeiro na gravação do disco elepê “Villa-Lobos para crianças – Seleção do Guia Prático”, realizada na Sala “Cecília Meireles”, em março e abril de 1987, a respeito do qual escrevemos: “Ouvimos com encantamento o coro de Elza Lakschevitz. Essas vozes transparentes evocam melodias de nossa infância … este elepê se constitui desde já em valioso documento fonográfico do folclore brasileiro, dando provas de competência técnica e de bom gosto artístico … uma maestrina batista brasileira deu uma notável contribuição à nossa memória musical” (ver: OJB, 09 out 88). Como regente desse coro, Elza apresentou, algumas em primeira audição, obras de Ronaldo Miranda, Ernani Aguiar, Edino Krieger e Henrique de Curitiba.
Assistimos, em 21 de janeiro de 1988, no Centro de Convenções de Brasília, a entrega a Elza do Prêmio “Arthur Lakschevitz” (ver: OJB, 03 abr 88); na época, era regente dos grupos vocais “Curumins” e “Canto em Canto”, e do coro do STBSB, tendo atuação bastante destacada na Associação de Canto Coral do Rio de Janeiro e na FUNARTE. O “Novo Canto”, um dos coros de Itacuruçá, em 04 de junho de 1989 executou “As sete últimas palavras de Cristo”, de Dubois, sob a regência de Elza; foi o primeiro coro de igreja batista a executá-lo (ver: OJB, 20 ago 89).
Na década de 90, foi regente muito ativa do Coro Infantil do Rio de Janeiro e do “Canto em Canto”.
Em 1994, dedicamos verbetes a Arthur e Elza em nosso “Dicionário de Música Evangélica” (p. 105).
Regendo o Coro da Associação de Canto Coral (1978), o Coro Infantil do Teatro Municipal (1988), o Coro “Canto em Canto” (1996) e o Coro Infantil (1997), todos no Rio de Janeiro, Elza gravou seis CDs de música coral.
Em 1997, incluímos Arthur e Elza na galeria de personalidades evangélicas do nosso site http://www.abordo.com.br/nassau/
Em outubro desse ano, o Coro Infantil conquistou o primeiro prêmio no concurso de canto coral promovido pela FUNARTE. Com esse coro, Elza realizou, em 1998, uma turnê em Portugal e na Espanha.
Elza atuou como palestrante e jurada em festivais na América do Sul, no Caribe e nos Estados Unidos da América. Durante muitos anos, como professora, lecionou no Instituto de Educação, na Escola de Música “Villa-Lobos” e no Instituto Batista de Educação Religiosa, no Rio de Janeiro.
Recentemente, participou do livro de ensaios “Olhares sobre a música coral brasileira”, comentando seu trabalho com coros infantis.
Foi anunciado que, no próximo dia 16 de agosto, a antiga Escola Nacional de Música (Largo da Lapa, no Rio de Janeiro) prestará justíssimo preito de reconhecimento a quem prestigiou o canto coral no Brasil.
Sempre acompanhando, mesmo de longe, a sua brilhante carreira artística, aqui manifestamos nossa homenagem a Elza Lakschevitz.
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(Publicado em “O Jornal Batista”, 03 ago 08, p. 4)