Doc.JB-705
Rolando de Nassáu
(Dedicado ao leitor Herivelto Carvalho Pereira, da Califórnia, EUA)
Dan Lucarini publicou em 2002 (na Inglaterra e nos EUA) e em 2005 (no Brasil, pela Editora Fiel, em São José dos Campos, SP), o livro “Confissões de um ministro de louvor – Por que deixei a Música Cristã Contemporânea).
Lucarini era roqueiro antes de sua conversão, em 1973; depois, foi líder de louvor “contemporâneo”, sendo fervoroso entusiasta da MCC (ver: “Música evangélica com ritmos populares”, OJB, 04 dez 05, p.4). O Lucarini convertido passou a amar os hinos; então, o “rock” parecia-lhe música “profana, barulhenta e odioas” (p. 23). Mas sua adesão à MCC levou-o novamente à música profana; a MCC não era meramente um estilo musical, mas uma filosofia de vida. Por isso, empenhava-se para que as igrejas abandonassem o formato “tradicional” de culto e adotassem o “contemporâneo”. Ele argumentava assim: a música é neutra; é matéria de preferência pessoal; a Bíblia não diz que o “rock” é mal; o que importa é o coração de quem executa; Lutero e os Wesleys usaram música popular; o “rock” é necessário na evangelização; a MCC está salvando os adolescentes; etc. Debatemos esses argumentos em nosso artigo “Uma igreja com propósitos musicais”, parcialmente publicado em OJB (03 jan 2000, p.8).
Lucarini aderiu à MCC e ao estilo “praise and worship” (louvor e adoração) usado pelas igrejas “contemporâneas”, porque: 1) era a música em que tinha talento e pela qual sentia atração; 2) esse ambiente musical fazia bem ao seu ego; 3) os pastores desejavam esse tipo de música em suas igrejas.
Mas podia observar que os “contemporâneos” difundiam a idéia de que “você pode vir a Deus, pois Deus o aceitará como você é”, idéia tolerante que a sociedade moderna defende. Que diziam eles? “Permaneça como você está no que se refere à música, à linguagem, à indumentária e aos hábitos sociais”. Na verdade, não podemos permanecer como somos. Pelo contrário, devemos jogar as mazelas para longe de nossas vidas.
Em nossos dias, existe a Igreja da Aceitação: todos os pecadores podem entrar e continuar pecadores contumazes; a Igreja é para todos, crentes e ímpios!
Aceitar é mais importante do que discernir entre sacro e profano!
Os crentes “tradicionais” têm medo de falar sobre os estilos musicais, particularmente o “contemporâneo”. Quando permitem o uso de ritmos, estilos e instrumentos populares no templo e durante o culto, estão permitindo a irreverência e a imoralidade com as quais a música profana está inevitavelmente associada.
Lucarini afirma em seu excelente livro que o “rock” é um estilo musical que foi criado com propósitos imorais, para homens imorais, e sempre tem sido usado pelo mundo para expressar suas atitudes imorais por meio do canto e da música; energicamente acrescenta: “quando você combina a dança sensual com a indumentária imodesta de mulheres na plataforma do púlpito, você coloca uma pedra de tropeço à frente dos homens da congregação”.
Mudar as letras e substituir os músicos roqueiros não remove o estigma do “rock”. Todos os estilos musicais têm uma dimensão moral; eles são fácil e inevitavelmente associados com algum aspecto mundano. Será que Deus se agrada com música que é tocada na bateria para Madonna, Michael Jackson et caterva? (OJB, 05 mar 2006, p. 4).
John Mac Arthur Jr. (“Com vergonha do Evangelho”, Editora Fiel) observou que a pressa em “fazer” igrejas, “na prática, torna-se uma desculpa para introduzir atrações mundanas na igreja, a fim de atrair os “interessados” ou os “sem igreja””. Lucarini ponderou que tais igrejas também usam a MCC nos cultos para os “santos” …
Em 2002, o roqueiro desiludido constatou que estava “desafiando uma fortaleza poderosa”. A MCC, que vinha trabalhando as mentes e os corações dos pastores e das igrejas desde a década de 70, estava aliada ao esquema industrial e comercial das gravadoras, emissoras de rádio e televisão e lojas de discos. O estilo “praise and worship” (louvor e adoração) era o preferido das igrejas “contemporâneas” e estava penetrando nas “tradicionais”.
A definição e a significação da palavra “adoração” dadas pelos músicos da MCC têm pouquíssima semelhança com o teor bíblico.
“Podemos usar qualquer estilo de música no culto, na adoração e no louvor”, é uma das afirmações da MCC. Os músicos “contemporâneos” chamam de legalismo qualquer regra que limite as escolhas musicais. Essa opinião tem neutralizado o discernimento bíblico tentado por parte de alguns crentes “tradicionais”.
Resumidamente, Lucarini deixou a MCC porque: 1) não poderia aceitar que a música é amoral, que ninguém deve avaliar os gostos musicais; 2) verificou que a Bíblia ensina sobre o culto verdadeiro; 3) para preservar seu casamento e ser fiel a Deus em todas as coisas, precisava afastar-se das tentações no cenário da MCC: a satisfação do ego e as mulheres da “equipe de louvor”; 4) os “contemporâneos” não observam qualquer regra; os ministros de música acabarão forçados a aceitar qualquer estilo musical, por mais mundano e sensual que seja.
Em 2002, Dan Lucarini arrependeu-se da profanidade de sua arte musical e voltou para a música interessada na santidade de Deus. Ele oferece aos pastores e ministros de música oportunas sugestões. http://www.abordo.com.br/nassau/
(Publicada em “O Jornal Batista”, 04 jun 2006, p. 4).