Nº. 711 – 55 anos de crítica musical (2) – 07 jan 2007, p. 4

//Nº. 711 – 55 anos de crítica musical (2) – 07 jan 2007, p. 4

Nº. 711 – 55 anos de crítica musical (2) – 07 jan 2007, p. 4

 

Música – Nº. 711

55 anos de crítica musical (II)

Rolando de Nassáu

(Dedicado à leitora Westh Ney, do Rio de Janeiro, RJ)

Como mediador entre o músico e o público, o crítico oferece interpretações, análises e comparações; estas, são inevitáveis; o crítico a elas recorre, julgando a partir de modelos semelhantes, diferentes ou relacionados, quando as obras ou os intérpretes exigem avaliação de suas qualidades; entretanto, são traiçoeiras. Se o crítico prefere interpretá-las, entra num processo perigoso, mas, desde que seja isento de preconceitos, suas opiniões devem ser respeitadas. Se pretende analisá-las, terá que fazê-lo o mais objetivamente possível.

O crítico, não necessariamente músico, deve possuir senso ético e musical para escrever sobre assuntos musicais. No caso de música-de-igreja, ou, mais restritamente, música-de-culto, deve ser fiel à pureza desse gênero musical.

Um artigo pode gerar controvérsia ou suscitar polêmica; mas é honesto? Assim deve julga-lo o leitor. Os criticados geralmente não gostam de encarar a verdade contida nos artigos de crítica. Quem é o crítico maravilhoso? Aquele que aplaude todas as obras e todas as execuções? Os leitores desta coluna sabem que não somos esse tipo de crítico …

É difícil ser crítico; ele deve expressar uma opinião verossímil, coerente e independente. Os executantes da obra musical estão sob o seu crivo; ele estará sob o foco dos leitores. A visão particular de cada um dos leitores modifica a exposição do crítico, por mais abalizada que seja a crítica.

Em 709 artigos procuramos abarcar todos os aspectos da música.

Nossa coluna comentou as gravações das mais importantes obras da música religiosa erudita, com o objetivo de colaborar com os leitores na seleção de discos em áudio (LP e CD) e vídeo (VHS e DVD). Além disso, prestigiamos as gravações realizadas pela JURATEL, por coros (“ACE”, “Excelsior”, “Eclésia”, seminário e Igreja Batista Imperial do Recife, “Cantores da Liberdade”, coros evangélicos de São Paulo, First Baptist Church of Orlando, Florida, USA, Fort Worth Oratorio Chorus), organistas (Noé Ramos Pinheiro, Léo Vitor Biato, Onésimo Gomes da Silva, Elisa Freixo, Dorotéa Kerr, Anne Schneider) e contendo composições de Denise Corrêa de Souza Frederico e Rick Muchow.

Escrevemos resenhas sobre os livros de Edmond Keith, Henriqueta Rosa Fernandes Braga, Gióia Júnior, Otto Maria Carpeaux, Kurt Pahlen, Leopol do Alves Feitosa, Bill Ichter, Ruy Wanderley, Arthur Lakschevitz, Waldenir Carvalho, João Wilson Faustini, Gamaliel Perruci, George Orwell, Thomas Mann, Edmund Fellowes, Paul McCommon, Anna Magdalena Bach, José dos Reis Pereira, David Tame, Simei de Barros Monteiro, Rick Warren, Dan Lucarini.

Analisamos obras musicais: “Jerusalém, a Canaã Celeste” (Loureiro), “Paixão, segundo S. Mateus”, “Cantata da Reforma”, “Missa em si menor” e “O Cravo Bem Temperado” (J. S. Bach), “Messias” (Haendel), “Réquiem” e “Vésperas” (Mozart), “Elias” (Mendelssohn), “Hino Pontifício” (Gounod), “Amor e Bondade” e “Maior Amor” (Peterson), “Sinfonia dos Salmos” (Stravinsky), “Apocalípse de João” (Pierre Henry), “Cristo no Monte das Oliveiras” (Beethoven), “Lamentações de Jeremias” (Tallis), “Cristo” (Liszt), “A Infância de Cristo” (Berlioz), “As Bem-Aventuranças” (Franck) e “São João Batista” (Schneider), além de peças de Red e Rutter.

Entre os artigos mais úteis ao leitor comum talvez aqueles que trataram de hinários, hinógrafos e compositores de obras de música religiosa. Sobressaem os dedicados ao “Cantor Cristão”, “Hinário para o Culto Cristão”, “Baptist Hymnal”, “Novo Cântico – Hinário Presbiteriano”, “Salmos e Hinos”; Gióia Júnior, Salomão Luiz Ginsburg, John Fawcett, Martin Luther, Ricardo Pitrowsky, João Diener, Manoel Avelino de Souza, James Edwin Orr, Jean Calvin, Mark Carver, Emma Ginsburg, Hiram Simões Rollo Júnior, William Edwin Entzminger, João Alexandre; Bach, Schutz, Beethoven, Haendel, Mozart, Benedetto Marcello, Ives, Ruggles, Sessions, Thompson, Copland, Franco, Barber, Hovhaness, Bernstein, Foss, Walther, Hassler, Praetorius, Schein, Bourgeois, Goudimel, Le Jeune, Sweelinck, Taverner, Tye, Tallis, Byrd, Weelkes, Gibbons, Tomkins, Scheidt, Cruger, Keiser, Telemann, Purcell, Blow, Croft, Greene, Boyce, Mendelssohn, Brahms, Parry, Stanford, Elgar, Honegger, Burkhard e Martin.

Talvez tenham sido interessantes para os músicos os nossos artigos sobre organização e repertório da música-de-igreja: ordem do culto (nove artigos), ministro de música, diretor musical, cursos de música sacra, liturgia, canto coral, canto congregacional, música instrumental, escola de música, biblioteca musical, coros graduados, musicologia, encontros de músicos.

Entrevistamos Heitor Argolo, Guilherme Loureiro, Ernani de Souza Freitas, Henriqueta Rosa Fernandes Braga, Gamaliel Perruci, Nabor Nunes Filho, Marcílio de Oliveira Filho, Clint Kimbrough, William Phiri, Francisco Nicodemos Sanches, Henoch Quiavaúca, Ruy Wanderley, Josué Mello Salgado, Elpídio Araújo Néris e Itamar Souza Brito, que deram preciosas informações e opiniões sobre a música batista no Brasil e em outros países.

 

Este foi o nosso trabalho nos últimos 55 anos (1951/2006). A nossa música não é de levantar poeira … Agora, o crítico submete-se ao julgamento dos leitores.

(Publicado em “O Jornal Batista”, 07 jan 2007, p. 4).

 

2018-02-21T14:42:53+00:00 By |Publicações|