Música – Nº. 676
Rolando de Nassáu
Freqüentadores assíduos da agenda de nosso site (http://www.abordo.com.br/nassau/agenda.htm“>, a pianista Mirian Esteves e o violoncelista Fábio Soren Presgrave apresentaram-se em recitais no Rio de Janeiro.
Mirian Esteves fez o curso de música do STBSB e foi ministra de música da Igreja Batista do Calvário (São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ) e da Igreja do Aeroporto (Macaé, RJ). Leciona em cidades do interior fluminense e participa dos projetos “Arte sem Barreiras” e “Very Special Arts”, patrocinados pela Fundação Nacional de Artes (FUNART). Sofre de deficiência motora (não tem antebraço e mão esquerda), mas participou eficientemente de congressos de músicos batistas. No fim de 2003, foi lançado um CD promocional, com outros artistas deficientes, visando à sua inclusão no mercado de trabalho, a nível internacional.
No recital de 30 de outubro, no salão térreo da sede da “Petrobrás” (centro do Rio de Janeiro), Mirian tocou música popular brasileira. Estavam presentes o pastor Marcelo Ramos Tenório Cavalvanti e Gilca Veloso. “Odeon”, de Ernesto Nazareth (19l0), um tango bem brasileiro, disfarce do maxixe, serviu para exibir a brejeirice do seu toque peculiar; no choro “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu (1917), ela demonstrou seu senso rítmico, e na canção “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim (1959), deslizou romanticamente pelo teclado; terminou vibrantemente com “My Tribute”, de Andrae Crouch, música do no.422 do HCC. O público ficou encantado e admirado com sua arte, que não encontra resistência até entre os mais céticos quanto à potencialidade humana.
No recital do violoncelista Fábio Presgrave, realizado em 07 de novembro, no auditório da Praça da República (centro carioca) e transmitido pela Rádio MEC, foram apresentadas peças de música erudita.
Fábio estudou na UNI-RIO e na “Juilliard School of Music”, New York, USA (ver: OJB, 04 mai 03, p.4). Desde o princípio de 2003, é o 1º. violoncelista da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Juntamente com o violinista David Guedes, “spalla” da OSB, executou, de Villa-Lobos, “Choros Bis” (1928), e, de Haendel, a “passacaglia” do nº.7 das “Suítes de Pièces pour le Clavecin” (1720), adaptada por John Halvorsen para duo (violino e violoncelo); no “Choro Bis”, eles aumentaram a sonoridade; na “passacaglia”, tocaram afinadamente dentro do ritmo handeliano.
Produzido por Daniel Moraes, foi lançado no início de 2003 pela Igreja Batista Imperial (Recife, PE), o CD “Expressando o melhor louvor”, no qual sobressaíram as composições musicais de Sueudo Fernandes, Libna Vilarinho e Demas Júnior, um arranjo de Mônica Freitas, o canto da soprano Dhijana Almeida, do tenor Emerson Bandeira e do baixo Daniel Moraes.
Das 14 faixas do CD, destacamos as seguintes: 1) “O Senhor é a minha Rocha”, de Sueudo Fernandes, por coro acompanhado pelo pianista Ralph Manuel e pelo tecladista Daniel Moraes; 2) “O bem a todos”, de Jilton Moraes-Ralph Manuel, com coro infanto-juvenil dirigido por Anaíde Alves; 3) “Chuvas de bênçãos”, arranjo do hino em estilo nordestino (em 1890, Salomão Ginsburg teria substituído a música de James Mc Granahan ?); 4) “Pai Nosso”, de Libna Vilarinho; 5) “Meu Salvador”, de Demas Júnior, solo vocal de Emerson Bandeira; 6) “Uma canção de amor”, de Ralph Manuel, solos vocais de Dhijana Almeida e Daniel Moraes.
Essas peças do CD certamente aprimorarão o repertório musical da Igreja Batista Imperial e de qualquer outra igreja cristã no Brasil.
Gravado, ainda em 2003, em Porto Alegre (RS), o CD “A Bíblia cantada” contém composições de Denise Corrêa de Souza Frederico, elaboradas para que “o povo cristão brasileiro cante mais versos bíblicos nos seus cultos”. Denise Frederico usa ritmos populares para que ele se expresse “com maior brasilidade”.
Das 15 faixas, recomendamos as seguintes: 1) “Fé, esperança e amor”; 2) “Recebereis poder”; 3) “O Senhor é o meu pastor” (melodia cativantemente brasileira); 4) “Tu és eternamente Deus”; 5) “Invoca-me, e te responderei”; 6) “Pai Nosso”; essas têm condições de execução num culto; as demais são música para entretenimento.
Não fosse a boa qualidade das melodias de Denise Frederico, os arranjos de Alexandre Paz e o acompanhamento instrumental na maioria das faixas teriam posto a perder toda a produção do CD. Mais uma vez, manifestamos nossa opinião: o arranjo deforma a obra original (ver: OJB, 05 out 03, p.4).
(Publicado em “O Jornal Batista”, 01 fev 2004, p. 4).