Edson Arantes do Nascimento, com o pé certeiro, mil vezes atingiu a meta.
Roberto Torres Hollanda, com a própria mão, escreveu mil artigos; o milésimo, sobre a música religiosa na Grande Guerra iniciada em 1914, foi publicado neste jornal na edição de 02 de novembro.
Esses artigos tiveram um único tema: a música, religiosa ou profana, erudita ou popular, antiga ou contemporânea.
Esta coluna, em sua época áurea, teve mantida a sua periodicidade semanal; depois de 1997, passou a ser mensal. No pleno exercício de nossa profissão, ainda tínhamos fôlego para escrever artigos.
Sempre tivemos assunto musical para ser apresentado, o que fazíamos com idoneidade, honestidade e responsabilidade, a um público que não conhecíamos. Com o tempo, as reações aos nossos escritos foram moldando o perfil do leitor desta coluna. É oportuno dizer que se trata de um perfil que entusiasma qualquer cronista.
Em certas ocasiões, sentimos a dificuldade do relaciona- mento público com os nossos leitores. A seção “Cartas dos Leitores” durante alguns anos não esteve à disposição de quem quisesse expressar suas discordâncias e seus elogios em relação aos colunistas e colabora- dores.
Para atenuar a distância, em junho de 1997 com nosso amigo Rosber Neves Almeida criamos uma página na Internet; por meio dela os leitores de nossos artigos poderiam inclusive fazer consultas sobre hinologia, história da música e biografias de compositores.
Para alertar os leitores de OJB sobre problemas que poderão ocorrer nas igrejas, demos ênfase, sem a intenção de julgar ou promover polêmicas, a alguns aspectos da execução musical.
Procuramos conhecer as opiniões de abalizados críticos de música em periódicos evangélicos e profanos.
Nosso interesse primordial e principal sempre foi relatar e analisar o desempenho de orquestras, coros e solistas.
Para valorizar este retrospecto, escolhemos os seis grupos corais mais atuantes: na década de 50, o Coral Excelsior e os Coros da Associação Coral Evangélica, no Rio de Janeiro; a partir da década de 60, os coros da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro e da Igreja Memorial Batista, esta em Brasília; na década de 90, os Coros Evangélicos de São Paulo e de Brasília. Em 194 artigos (cerca de 20% do total) escrevemos sobre audições, recitais e concertos realizados por estes e outros grupos corais.
No primeiro artigo (OJB, 13 dez 51), focalizamos o Coral Ex-celsior, um dos mais ativos em sua época. Algumas vezes mais prestigiamos esse coro, por causa de sua constante busca pela execução musical de melhor qualidade.
O que mais profundamente nos impressionou foi o coro infanto-juvenil da igreja luterana de Leipzig (Alemanha Oriental), que tinha cantado em 1955 na PIB-RJ, regido por Günther Ramin (1945-1956).
Durante meio século, esse coro de estilo esteve sob os cuidados de Johann Kuhnau (1701-1722) e Johann Sebastian Bach (1723-1750)
Tivemos o renovado prazer de ouvílo pessoalmente em 2012, na igreja de Leipzig (OJB, 06 out 1955 e 05 ago 2012).
Outro concerto inesquecível foi o realizado em 1959 pela Associação Coral Evangélica, na Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro, sob a regência de Heitor Argolo, quando foi executado, integralmente na língua original, o “Requiem”, de W.A. Mozart (OJB, 05 nov 1959).
Os concertos do “Eclésia”, um dos coros da PIB-RJ, foram, durante 40 anos, sob a direção de Anna Campello Egger, por privilegiar obras de música erudita, uma revivescência do estilo da ACE.
O “Memorial” e o “Mensageiros da Paz”, coros da Memorial, que temos ouvido desde 1961, frequentaram durante algumas décadas as nossas resenhas de música coral.
O Coro Evangélico de São Paulo deu uma importante contribuição à preservação da hinodia evangélica.
O congênere de Brasília, organizado em 1996, tem um competente regente, mas ainda necessita de um plantel que possa firmar a imagem musical evangélica da Cidade-Céu.
Nosso interesse estendeu-se, naturalmente, às formas e es- tilos musicais, tentando em 132 artigos conceituar a música sacra.
As publicações que mereceram nossa atenção foram comentadas em 113 artigos, tendo em vista a divulgação da literatura musical mais pertinente à atividade musical das igrejas.
Com esse mesmo propósito, escrevemos 98 artigos sobre organização e repertório da música.
Anunciamos 91 vezes o lançamento de gravações (em LP, CD e DVD), especialmente as de música erudita, de concertos e recitais de órgão, de coros e de solistas. Consideramos “a gravação do século” o CD “Hinos da nossa história” (OJB, 12 mar 2001).
Nos outros 463 artigos, analisamos obras e descrevemos instrumentos musicais; apresentamos dados biográficos de compositores, hinógrafos e outras personalidades; divulgamos as atividades de instituições musicais; apreciamos o conteúdo de hinários; realizamos 29 entrevistas; homenageamos em sete obituários a vida e a obra de alguns músicos.
Em nossas memórias, reproduzidas em nossa página eletrônica na Internet, recordamos fatos que marcaram 60 anos da vida musical evangélica entre 1951 e 2011.
Em 10 de junho, nosso amigo Levi de Paula Tavares teve a bondade de providenciar a tradução de nosso artigo “Dança no culto” (OJB, 04 maio 2014) em sete idiomas (inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, russo e japonês) e incorporá-la em sua página eletrônica “Música Sacra e Adoração”. Tornou-se poliglota!
São decorridos 63 anos; alegra-nos o fato de termos escrito 1.000 artigos sobre música. Somente pela graça de Deus!
(Publicado em “O Jornal Batista”, de 04 jan 2015, p.3)