Música – No. 789
Hinologia em crise
(Dedicado ao leitor Tibério Conte, de Brasília, DF)
“O tempo tem uma adversária poderosa: a memória” (Lya Luft)
Durante mais de meio século, demonstrou-se inconformado com as deficiências culturais de sua Denominação. Sempre quis a mudança de mentalidade em sua igreja, pela qual “ler jornais, livros e revistas não religiosas, ir ao cinema e ao teatro, visitar igreja de outra Denominação etc. tudo constituía pecado … defendemos a criação de institutos bíblicos e de congressos de mocidade, a militância em sindicatos, em entidades estudantis e políticas; abrimos espaços para os jovens vocacionados; a- colhemos colaboração de articulistas batistas. … Nas Assembléias de Deus hoje, predomina outra mentalidade” (“Memorial do Sobrevivente”, pp. 28-31, Academia de Letras de Brasília, 2008).
Em setembro de 1956, fundou a revista “A SEARA”, causando um im- pacto na cultura das Assembleias de Deus no Brasil (“As Assembléias de Deus no Brasil”, pp.155-157, Rio de Janeiro: CPAD, 1997).
Tendo em mãos o hinário, disse-nos que suspeitava que a falta de preocupação com a hinologia permitia que fossem mínimas as informações sobre os autores e tradutores dos hinos. Ele mesmo, o jornalista, poeta e escritor Joanyr de Oliveira (1933-2009), convidou-nos a escrever sobre música e hinologia.
Para a revista “A SEARA”, escrevemos três artigos sobre música religiosa. Entre outubro de 1978 e dezembro de 1980, comentamos discos elepês evangélicos na revista “Jovem Cristão”. Quando ele assumiu a direção da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), escrevemos cinco artigos sobre hinologia para o “Mensageiro da Paz”, desde 1930 periódico oficial da Denominação Pentecostal.
Em julho de 1986, a CPAD lançou um livro que Alcebíades Pereira Vasconcelos, pastor da AD de Manaus, considerou ser “o indispensável brado de alerta”.
Escrevemos o prefácio (pp. 11-24), para, com os funcionários da Divisão de Jornalismo e autores de “A Mensagem Oculta do Rock”, advertir o povo evangélico sobre as investidas satânicas por meio da música. Em 2003, esse livro sofreu na internet uma crítica rancorosa, justamente de um anônimo membro da AD de Manaus.
Nossa contribuição mais extensa aconteceu com a série “Hinos que Cantamos”; de novembro de 1977 a junho de 1983, na revista “A SEARA”, foram 48 artigos sobre hinos da “Harpa Cristã”, e dois sobre hinologia.
Talvez Joanyr de Oliveira tenha ficado satisfeito, em 2009, ao saber que o “Mensageiro da Paz” tinha feito uma pesquisa hinológica a respeito de um suposto colaborador da “Harpa Cristã”.