Música – No. 794
Revendo os hinos de Manoel Avelino
(Dedicado ao leitor Rui Xavier Assunção, do Rio de Janeiro, RJ)
Em 1986, estávamos em sintonia. Com o intervalo de poucas semanas, foram publicados artigos, o de Reis Pereira, editor deste jornal (09 nov 86), e o meu (21 dez 86), comemorando o centenário do nascimento de Manoel Avelino de Souza (1886-1962).
Na década de 80 pretendi fornecer aos nossos leitores a relação, em ordem cronológica, das letras de Manoel Avelino.
Quem escreve sobre hinos, deve ter o cuidado de declarar aos leitores a idade dos hinos e a sua própria idade … Sou admirador dos hinos de Manoel Avelino desde a mais tenra infância …
Amigo da música tradicional, ele pressentiu, em 1957, a aproximação de estilos musicais incomuns e extravagantes, que poderiam desvirtuar, como efetivamente desvirtuaram, o canto congregacional dos Batistas. Afinal de contas, cabia-lhe preservar a hinodia constante do “Cantor Cristão”, do qual era um dos poucos contribuintes.
Acostumada ao cantochão das ladainhas católicas, a religiosidade brasileira, em contato com o canto protestante, particularmente o de tendência pentecostalizante, foi recebendo a novidade de afirmações doutrinárias serem cantadas em estrofes. Além disso, o “gospel hymn” (hino evangelístico), animado pelo ritmo, no início do século 20 era um elemento de modernidade no canto religioso, que atraía os que se aproximavam das “novas seitas”.
A hinodia conhecida por Manoel Avelino era a predominante nos EUA, composta e editada por C.A.Gabriel, W.J.Kirkpatrick, D.B. Towner e C.Austin Miles.
Durante 40 anos, na primeira metade do século 20, Manoel Avelino escreveu letras que podiam sensibilizar o coração do ouvinte.
Na virada do século, parece, nem os músicos evangélicos acreditam nessa possibilidade, mas preferem os cânticos alienígenas.
Manoel Avelino escreveu as letras de 39 hinos, das quais 29 foram incluídas, a partir de 1917, no “Cantor Cristão”. A seguir, o resultado de nossa mais recente pesquisa hinológica, que alguns sites e blogs, apesar de pertencerem a internautas evangélicos, continuarão a copiar sem citar devidamente a fonte. “Vitória nas lutas” (CC-454) Escrito na época do início da construção do segundo templo da PIB de Niterói, na Rua Visconde de Sepetiba. Não previamente publicado em “O Jornal Batista”. Aproveitado no “Hinário para o Culto Cristão” (HCC-502) (Edith Brock Mulholland, Notas Históricas do HCC, pp. 375 e 376. Rio de Janeiro: JUERP,2001). “Incipit”(palavras iniciais do texto do hino): “Temos por lutas passado”; estribilho: “Sim, Deus é por nós!”. “A chamada” Escrito no Rio de Janeiro em 1º. de outubro de 1917. Só publicada a letra (OJB, 25 out 1917, p. 9). Não incluído no CC. De- dicado na posse do pr. Leobino Rocha Guimarães. “Incipit”: “Vinde a Jesus”. “Mais um templo” (CC-564) Escrito para a inauguração do templo, ocorrida em 17 de abril de 1921. Publicada só a letra (OJB, 21 jul 1921, p.7). 1º. “incipit”: “Somos-Te gratos, ó Deus Salvador”; 2º. “incipit”: “Hoje, inaugura-se aqui”; estribilho: “Glória a Deus, cantem os filhos Teus”. “Louvor” (CC-385) Cantado na inauguração do templo. Publicada só a letra (OJB, 28 jul 1921, p. 9). “Incipit”: “Vamos nós louvar a Deus”; estribilho: “Exaltado seja nosso Deus e Pai”. “Redenção” (CC-495) 1ª. adaptação, feita em 1º. de outubro de 1921, da letra de Eben Eugene Rexford. Publicada só a letra (OJB, 13 out 21, p.5).”Incipit”: “Nós iremos com Cristo Jesus”. “Disposição de trabalhar” (CC-418) Dedicado à Sociedade Feminina da PIB de Niterói. Publicada só a letra (OJB, 17 nov 1921, p. 5). “Incipit”: “Bendito Senhor, nosso Rei Jesus”; estribilho: “Querido Senhor, vem, oh, vem, ouvir-nos a nossa oração”. “Vida feliz” Publicado em OJB (01 dez 1921). Não incluído no CC. “Nasce Jesus” (CC-29) Escrito para o Natal. Publicada só a letra (OJB, 22 dez 21, p.4). “Incipit”: “O povo, sim, coberto de densas trevas”; estribilho: “É Jesus que nasce”. “Eis a nova” (CC-191) Direitos autorais registrados pela Junta de Escolas Dominicais (sucedida pela JUERP) em 1921. Aproveitado no HCC-296. “Incipit”: “Oh! Que mensagem cheia da compaixão de Deus”
(Publicado em “O Jornal Batista”, de 05 de janeiro de 2014, p.3)