No. 838 – Uma Introdução, 60 anos depois – 03 set 17

//No. 838 – Uma Introdução, 60 anos depois – 03 set 17

No. 838 – Uma Introdução, 60 anos depois – 03 set 17

Doc.JB Música – No. 838

Uma Introdução, 60 anos depois

(Dedicado a Olavo Guimarães Feijó)

Aproveitamos um semestre de licença-prêmio para escrever nosso primeiro livro, “Introdução à Música Sacra”, lançado, por nossa conta, em agosto de 1957 (ver: OJB, 12 set 57). Soubemos que é encontrado em sebos como obra rara …

Quatro motivos principais nos induziram a publicar esse livro:

1º.) porque sentimos a necessidade de oferecer nossa contribuição; eram raros os livros que tratavam da Música Sacra, nacionais e estrangeiros, disponíveis no mercado livrei- ro; fomos precedidos por Mattathias Gomes dos Santos (“Músi- ca e Hinologia”, 1948) e Ethel Dawsey Ream (“Nossos hinos”, 1951);

2º.) porque pressentimos a oportunidade do lançamento, justamente quando eram criadas instituições musicais (o Coral Excelsior e a Associação Coral Evangélica do Rio de Janeiro);

3º.) porque acreditamos na utilidade de um livro que servisse de guia aos apreciadores da Música Sacra;

4º.) porque reconhecemos a importância de um livro que divulgasse dados históricos e técnicos da Música Sacra, com base no lema de Johann Sebastian Bach: “Para maior glória de Deus e melhor instrução dos homens”.

No primeiro capítulo, fizemos um breve retrospecto da música cristã. Comentamos aspectos da execução musical nas igrejas luteranas, batistas, congregacionalistas, metodistas e presbiterianas. Tentamos identificar os principais problemas e as tendências da Música Sacra. Sugerimos várias medidas indis- pensáveis à melhoria da execução musical nas igrejas evangélicas do Brasil (pp.72-73), quase todas implementadas.

No segundo, tratamos dos aspectos fisiológico e artístico do canto e dos métodos da técnica coral. Em 1957 apontamos rumos para os coros que, de forma crescente, se formavam nas igrejas e em instituições musicais (Coral Excelsior e outras associações musicais).

No terceiro, apresentamos as características dos instrumentos musicais.

Oferecemos ao leitor um glossário, uma relação descritiva de grandes obras da Música Sacra, discografia e bibliografia especializadas, e uma sugestão de culto musicado. Nosso objetivo era a renovação do repertório musical à disposição dos leigos e dos regentes de coros.

Nossos primeiros leitores foram alunos do Seminário Batista no Rio de Janeiro; para eles o preço era de 100 cruzeiros o exemplar. Temos os nomes dos que compraram …

Na ocasião, Olavo Guimarães Feijó escreveu: “um livro pioneiro, à vista de que quase nada existe, em nossa literatura, que trate do assunto … Rolando de Nassau consegue fazer uma obra interessante e prática … é uma positiva contribuição ao aprimoramento musical e artístico do meio evangélico brasileiro … é uma obra de juventude, mas que revela investigação, leitura e boa organização. A experiência e o amadurecimento  irão ditar novos livros” (OJB, 05 set 1957).

Almir dos Santos Gonçalves, então diretor de OJB, com simpatia peculiar, disse: “revela ser o Autor um estudioso do assunto … nesse gênero literário ainda bastante negligencia- do … é um belo vestíbulo do palácio dos conhecimentos musicais … é um livro que todos os crentes amantes da música, máxime os que fazem parte de coros, deveriam conhecer” (OJB, 14 nov 1957).

O Departamento de Vendas da CPB (futura JUERP) recomendou o Autor assim: “versado no conhecimento da Música Sacra, apresenta, na realidade, um trabalho de erudição” (OJB, 28 nov 1957).

O crítico Celso Diniz opinou assim: “Esse é um volume que as igrejas deveriam colocar nas mãos de quantos membros tenham parte na música dos cultos” (“O Batista Paulista- no”, janeiro de 1958).

Na “Revista Bibliográfica” (dezembro de 1959), Elizabeth Tamerik comentou: “o Autor reuniu, de um modo admirável, conhecimentos e informações para os nossos músicos … Este livro preenche mais uma das lacunas que os músicos evangélicos enfrentam”.

Corroborando essas palavras, o maestro presbiteriano João Wilson Faustini achou “muito oportuno o aparecimento da “Introdução”; o professor metodista Albert Ream, diretor da Escola de Música Sacra do Colégio “Bennett”, expressou-se as- sim: “Eis uma obra que, por suas qualidades de simplicidade, bom gosto, erudição, utilidade e oportunidade, prestará à música religiosa evangélica brasileira inestimáveis serviços”.

Cremos que nossa “Introdução”, 60 anos depois,  pode ser considerada como uma contribuição positiva.

Dou graças a Deus por referir-me ao evento de 1957, entretanto, com tristeza constato que os coros es- tão sendo dissolvidos pelas igrejas e por associações co- rais. Depois de 1997, nos Estados Unidos da América tem diminuído o número de igrejas que mantêm coros; no Brasil também é sensível esse problema de cultura musical.

Atribuímos essa decadência a dois fatores:

1) a retirada da disciplina “música” dos currículos dos cursos de teologia;

2) o tipo de música executado pelos coros.

Os seminaristas foram os primeiros obreiros que procuramos para vender o nosso livro pioneiro.

A Adoração foi o primeiro momento do culto divino que prestigiamos; que havemos de cantar?

No século 21, os coros procuram executar música-de-entretenimento; o LOUVOR é o que desperta mais atenção nas gerações contemporâneas. Esse tipo às vezes é deixado com as equipes-de-louvor.

Os coros, regidos por ministros de música competentes, serão orientados para a música-de-culto, pois a ADORAÇÃO sempre foi e será o propósito primordial e principal da Igreja, desde a Antiguidade.

Rolando de Nassau. Brasília, DF, 11 de janeiro de 2017.

2018-02-24T14:09:06+00:00 By |Publicações|