No. 839 – “Som do Céu” (I) – 07 jan 18

//No. 839 – “Som do Céu” (I) – 07 jan 18

No. 839 – “Som do Céu” (I) – 07 jan 18

DOC.JB Música – No. 839

Rolando de Nassau

“Som do Céu”

(Dedicado à leitora Daisy Dias Ribeiro, de Brasília, DF)

 

Embora tenha sido lançado em Brasília, em 2009, o que demonstra a falta de intercomunicação entre as igrejas e instituições evangélicas na Capital do Brasil é que somente agora, graças à gentileza da amiga Lourdes Lemos Almeida, tomei conhecimento do livro contendo as opiniões expressas, em palestras e debates, por 16 artistas, dentre os quais destacamos, devido à exiguidade de nosso espaço, Nélson Bomílcar, Jorge Rehder e João Alexandre (São Paulo), Aristeu Pires Júnior e Carlinhos Veiga (Distrito Federal).

Ocorreram no acampamento promovido pela Mocidade para Cristo (MPC), em 7 e 8 de abril de 2009, com cerca de 120 pessoas presentes.

Rick Szuecs, para significar a origem do som do Céu, desenhou na capa um gramofone, e não um computador …

O evento musical “Som do Céu” surgiu em 1984 na cabeça de Marcelo Gualberto da Silva, diretor executivo da Mocidade para Cristo, com o propósito de promover uma reflexão sobre a questão musical no meio evangélico brasileiro, talvez relembrando a hinodia tradicional. O surgimento, em meados da década de 80, do “gospel-rock” (roque santeiro), alterou as formas, os estilos, os instrumentos e os participantes da hinodia evangélica.

O 25º. aniversário do evento foi dedicado à discussão e debate por músicos de questões que interessavam à identidade da música evangélica brasileira.

No primeiro dia, as palestras tiveram como tema “A música e os músicos na Igreja”.

Inicialmente, Nélson Bomílcar (São Paulo) afirmou que “perdura ainda uma mentalidade retrógrada e preconceituo- as, sem base bíblica e sem base histórica, de que existe uma música chamada sacra ou profana para se executar, ouvir ou apreciar”; ele estava contrariando o profeta Ezequiel (22: 26).

Preferiu citar de Frank Schaeffer o livro “Viciados em Mediocridade”; este é o mesmo autor de “Why I am an Atheist Who believes in God” (Porque sou um ateu que acredita em Deus), e não o seu pai, Francis August (1912-1984), famoso es- critor, teólogo e pastor presbiteriano.

Pouco tempo depois do acampamento da MPC, escrevemos: “O Protestantismo tomou posição contra o Humanismo, quando procurou a simplicidade nos atos de culto, para restaurar o equilíbrio entre Religião e Arte” … Francis Schaeffer censurou “a entrada do conceito humanista na igreja protestante” (ver: OJB, 02 maio 2010).

Bomílcar repete uma ideia errônea a respeito do hino “Castelo forte”, de Lutero: era música popular em sua época  (ver: OJB, 02 set 2007).

Depois citou Francis August Schaeffer (“O Deus que Intervém”), para reconhecer o quanto o Evangelho e a Igreja influenciaram as Artes. Acabou por reconhecer também a necessidade de discernimento no uso dos gêneros musicais, apregoa- da pelo profeta Ezequiel.

Afirmou que mais de 70% dos músicos das orquestras e dos coristas saíram de igrejas evangélicas. Por que?

Jorge Rehder (São Paulo) começou bem sua palestra ao salientar o fato de que “a maioria das igrejas brasileiras usam excessivamente músicas importadas” … “a globalização, a relativização da verdade, a pluralização de valores e crenças estão fazendo com que a Igreja corra o risco de perder o seu referencial histórico e profético”.

Teve a coragem de dizer que, “nas últimas décadas, o ministério de música na igreja local se tornou muito visível … resultando muitas vezes na autopromoção do dirigente ou de determinado músico ou grupo, onde a comunidade não raramente às vezes passa a ser um trampolim” … “a estética e a línguagem podem levar a uma emotividade exagerada, resultando mui- tas vezes em manipulação …”

Concluiu com ênfase: “A Igreja está fazendo o que dá certo, e não o que é certo”.

Quais foram as reações do público às palestras de Bomílcar e de Rehder?

Ficou evidente (ver: pp. 49-51) a opinião de que grande parte das igrejas, em todas as denominações, está seguindo o forte vento do mercado e da mídia.

Os dirigentes do culto e da música estão à mercê dos “sucessos” (pessoas, grupos e estilos) e correm o risco de perder membros da igreja.

Quanto ao “sagrado x profano”, foi questionada a posição de alguns músicos e cristãos que apreciam ou trabalham com músicas ditas “seculares”, para não dizer “profanas”.

A conclusão foi que “se deve analisar e apreciar a música a partir de suas qualidades estéticas”.

No segundo dia, em continuação do tema, o palestrante principal foi João Alexandre (Campinas, SP).

Com muita sinceridade afirmou: “o músico cristão não tem qualquer obrigação de tocar gratuitamente na igreja … tem a liberdade de desempenhar, ou não, este ou aquele cargo dentro da igreja local” … “o que tem surgido … é um comércio voraz por parte de muitos aproveitadores” … a “oferta” não tem valor estipulado … o “cachê” é cobrado de acordo com as com- dições de cada trabalho…”

A palestra de João Alexandre envolveu outros aspectos da vida profissional do músico.

Quais foram as reações do público à palestra?

Ele acha que devemos valorizar os hinos; eles não envelhecem.

O momento vivido pela música evangélica, em 2009, foi muito criticado.

Para João Alexandre, o melhor caminho é o diálogo com o pastor da igreja.

 

(continua)

2018-02-24T14:14:56+00:00 By |Publicações|