Doc.JB-697
Rolando de Nassáu
O evangelista batista norte-americano Dwight Lyman Moody (1839-1899) voltou da Grã-Bretanha para os EUA com a convicção de que tinha sido chamado por Deus para liderar um despertamento religioso.
Em 24 de outubro de 1875, iniciou uma campanha evangelística de 27 dias pregando em Brooklin para seis mil pessoas; foi organizado um coro de 250 pessoas. Estimou-se que, a cada dia, mais de 15 mil pessoas, acomodadas em templos vizinhos do parque de diversões, ouviram a palavra de Moody; para muitas das reuniões, membros de igrejas não foram convidados. Mas as igrejas e seus pastores (cerca de 100) deram seu entusiástico apoio. Nenhuma tentativa foi feita para registrar o número de decisões. Na ocasião, Moody afirmou: “Não queremos atingir as massas, mas os indivíduos”.
De Brooklin, ele foi para Filadélfia; adaptaram um galpão ferroviário, com capacidade para 10 mil assistentes, 600 cantores, 300 introdutores e 300 conselheiros. A campanha durou de novembro de 1875 até janeiro de 1876; durante as nove semanas, cerca de 900 mil pessoas ouviram as pregações de Moody; logo em seguida, Moody promoveu uma convenção sobre evangelização, na qual foi discutida a parte musical das campanhas.
Ira David Sankey (1840-1908), que tinha conhecido Moody em 1870, depois de seis meses de persuasão foi convencido a tornar-se o dirigente musical das campanhas; ele trabalhou com Moody por 25 anos e estabeleceu um novo padrão: austeridade na execução de solos vocais, no acompanhamento ao órgão e na direção do canto congregacional.. Tinha publicado, em 1873, a coletânea “Sacred Songs and Solos”, que serviu de modelo para a composição de hinos evangelísticos (“gospel hymns”), muito aproveitados nas primeiras edições do “Cantor Cristão” no Brasil. Sankey compôs tendo em vista as campanhas de Moody; no “Cantor Cristão” encontramos o apelo evangelístico de Sankey, entre mais de 100 melodias, nos hinos nos. 31, 39, 73, 196, 233, 264, 270, 276, 308, 317, 343, 348 e 452, que antes da década de 90 eram freqüentemente cantados nas igrejas.
Em 1875, Sankey e Philip Paul Bliss ((1838-1876) publicaram “Gospel Hymns and Sacred Songs”. Bliss abandonou o magistério musical para tornar-se cantor em campanhas evangelísticas. Elaborou mais de 200 hinos, dos quais no “Cantor Cristão” figuram os de nos. 170, 183, 192, 213, 300, 312 (o preferido do pr. Éber Vasconcelos), 376, 399, 489 e 515. Certa ocasião, em 1876, um bêbado ficou particularmente impressionado com um hino cantado por Bliss; comprou um hinário e queimou-o; tempos depois, voltou àquela igreja e novamente ouviu aquele hino; imediatamente aceitou a Jesus como Salvador pessoal.
Moody contou com a colaboração também do editor musical James McGranahan (1840-1907), que compôs as melodias dos hinos nos. 42, 57, 106, 111, 125, 168, 197, 234, 243, 278, 307, 364, 377, 399, 443, 451, 469. 489 e 550 (CC) e do compositor George Coles Stebbins (1846-1945), nos hinos nos. 7, 66, 151, 175, 176, 201, 210, 215, 287, 370, 473, 503 e 506 (CC).
O evangelista convocou Daniel Webster Whittle (1840-1901), que era tesoureiro da fábrica de relógios “”Elgin”, para trabalhar nas campanhas, ao lado de Sankey, Bliss, McGranahan e Stebbins; uma extraordinária equipe de músicos-evangelistas!. Whittle escreveu as letras dos hinos nos. 106, 111, 125, 168, 307, 354, 364, 377 e 469 (CC).
Todos os hinos aqui citados têm resultado, há mais de 130 anos, em enorme impacto sobre as mentes e os corações de ímpios e crentes. Prezado leitor: confira as letras desses hinos e certifique-se da razão da influência que tiveram nas campanhas de Moody.
Depois de Filadélfia, a campanha em Nova York teve início em 7 de fevereiro de 1876; os sete mil assistentes foram recebidos por 500 introdutores e ouviram o canto de 1.200 coristas, regidos por Sankey. No primeiro domingo da campanha, compareceram mais de 25 mil pessoas. Em 19 de abril, no encerramento, a oferta de gratidão alcançou 135 mil dólares; mais de três mil pessoas fizeram profissão de fé; foi a mais importante na carreira de Moody; a voz dos pregadores associados a Moody foi ouvida através dos EUA. Entretanto, não houve sensacionalismo nas pregações ou estrelismo nas apresentações musicais.
Em seguida, Moody foi à Geórgia, ao Tennessee, ao Kentucky, ao Missouri, a Chicago, Boston (onde teve a cooperação do editor musical Adoniran Judson Gordon) e Baltimore.
A partir de 1878, não cessou a atividade evangelística de Moody.
Uma característica de suas campanhas era a ênfase dada ao canto sacro, quando música incisiva, mas não barulhenta, destacava a mensagem evangelística contida na letra do hino.
Entre 1875 e 1900, Moody foi o mais importante expoente do protestantismo norte-americano. Seus métodos evangelísticos foram imitados. Naquele período, Moody pregou para mais pessoas do que Spurgeon, Sankey e seus companheiros fizeram com que milhões de pessoas, dentro e fora dos EUA, cantassem os hinos evangelísticos, os autênticos “gospel hymns”.
(Publicado em “O Jornal Batista”, 06 nov 2005, p. 4).