Doc.JB – No. 846 –
Uma musicoterapêuta de renome internacional
(Em memória do dep.fed.Luiz Baptista, de Vitória, ES)
Rolando de Nassau
Musicoterapia é a aplicação científica da arte da música para conseguir objetivos terapêuticos; é uma especialização científica que se ocupa do estudo e investigação do complexo “som/ser humano”, tendendo a buscar os métodos de diagnóstico e os efeitos terapêuticos dos mesmos (ver: Rolando Benenzon, Musicoterapia y Educación, 1971; Musicoterapia en la Psicosis Infantil, 1976).
Até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, alguns hospitais empregavam músicos para tratamento de doentes mentais. Depois, muitas instituições passaram a se interessar pelos valores terapêuticos da música e a criar empregos para musicoterapeutas, enquanto universidades estabeleciam cursos de formação em Musicoterapia.
Em 1950 foi fundada a National Association of Music Therapists; em 1968, a Associação Brasileira de Musicoterapia.
Então, em 1972, foi estabelecido no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, o Curso de Formação.
A musicoterapêuta, que conhecemos pessoalmente desde a sua adolescência, sempre se interessou por assuntos relacionados com a terapia por meio da música. Por isso, matriculou-se no Conservatório mencionado. Estamos escrevendo a respeito da musicista ENEIDA SOARES RIBEIRO (1946- ), diaconisa da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Ela fez parte da primeira turma, em 1975, de musicoterapêutas!
Sempre que possível, como professora no ensino elementar, aplicava seus conhecimentos técnicos. Tornou-se professora de educação musical.
Em 1979 ela foi convidada por sua antiga professora de reabilitação, Gabriele de Souza e Silva, grande obreira da ABM, ABBR e do CBM, para trabalhar nessa árdua senda, tendo participado num curso intitulado “Atualização em Neurolinguística”.
Nessa época existiam mais de 60 universidades nos EUA que mantinham cursos de Musicoterapia; entre elas, uma batista, em Charlestown (Carolina do Sul) e uma metodista, em Dallas (Texas). Muitos jovens latino-americanos íam aos EUA para cursos de formação e treinamento em Musicoterapia.
Eneida foi dirigente (segunda secretária, 1980-1981, vice-presidente, 1981-1982, e presidente, 1982-1983) da ABM, que orientava o movimento das associações estaduais.
Em 1983 louvamos os incansáveis esforços de Eneida a favor da regulamentação da profissão por meio do Projetode-Lei no. 2.303, de 1979 (ver: O Jornal Batista, 23 jan 83). Mas a política governamental, na época, era contrária; foram favoráveis os deputados federais Cléverson Teixeira (PR), Borges da Silveira (PR), Antônio Dias (MG), Luiz Baptista (ES), Braga Ramos (PR) e Athiê Jorge Coury (SP).
De 1982 a 1985, ela lecionou na Sociedade Unificada de Ensino Superior “Augusto Mota” (SUAM) para os cursos de fisioterapia e terapia ocupacional.
A partir de 1985, manteve sua clínica particular e suas aulas como professora de música no CBM e em outras instituições.
Na década de 90 participou do congresso mundial no Rio de Janeiro e de atividades na Universidade Católica da Bahia, no Congresso de Pedagogia em Havana (Cuba) e na UNIGRANRIO. Outros pontos importantes em sua biografia foramo ensino de didática no antigo curso de música sacra do STBSB (1996-2005) e a formação de musicoterapêutas para o tratamento geriátrico/gerontológico.
Em novembro de 2017, John F. Mahoney editou o segundo volume do livro “The Lives of Music Therapists: Profiles in Creativity” (Vidas de musicoterapeutas: perfis de criatividade), publicado em Dallas (Texas, USA) pelos “Barcelona Publishers”; ver as páginas 507 a 522 dedicadas a Eneida Ribeiro).
Chegamos ao ápice da vitoriosa e benemérita carreira artística e magisterial de Eneida: ela figura entre os 51 musicoterapêutas que têm dedicado seu tempo e sua inteligência à disciplina do cuidado com a saúde humana.
Em seu prefácio, John F. Mahoney observou que os participantes do livro revelaram “como entraram na profissão”.
Joseph J. Moreno, no prólogo, afirmou que cada participante deve ser reconhecido internacionalmente e ter uma experiência magisterial e clínica durante mais de 25 anos (Eneida há 42 anos trabalha neste setor de saúde pública), além de ter realizado esforços para o avanço da profissão, por meio de organizações congêneres e atividades junto aos Poderes Públicos.
Efetivamente, o livro contém contribuições de um distinto grupo de musicoterapêutas de diversas partes do mundo e oferece a história pessoal de alguns dos mais influentes profissionais deste século.
Agora, Eneida Soares Ribeiro é uma musicoterapeuta de renome internacional!
(Publicado em “O Jornal Batista”, em 06 de maio de 2018,
Dia Internacional da Mulher, em homenagem a Eneida Soares Ribeiro)