Doc.JB – No. 851
Vinte anos na Internet
(Dedicado ao leitor Benedito Rocha da Silva, de Brasília)
Rolando de Nassau
“A quem sabe fazer cabedal do tempo, e não o consumir vãmente, sobra tempo bastante” (Francesco Guicciardini)
“Descobrimos que o espaço deixou de existir. Só sobrou o tempo” (Paul Virilio)
Foto: Edsom da Silva Leite
Na década de 50 do século passado, Albert Einstein qualificou a informática de ser capaz de desintegrar as pessoas de uma sociedade. Em 1972 começou a quarta geração da computação. Nos anos 80, o computador foi comparado ao “bezerro de ouro”.
A Internet está criando novas formas de divisão de classes; estas são baseadas nas pessoas que têm acesso à informação; algumas formarão as opiniões; muitas as seguirão; e a maioria das pessoas será excluída do mundo da informação.
O livro eletrônico (“e-book”) dispensa espaço numa prateleira; exige apenas tempo para acessá-lo. O espaço perde para o tempo.
O livro melhora a memória do leitor; o vídeo pode deturpar a sua memória. Estamos sendo orientados pela imagem, o que prejudica o texto; ela é mais veloz que o texto.
Para melhor aproveitar o tempo, com real proveito, é preciso não consumi-lo com informações vazias de significado.
Os meios de transporte diminuíram as distâncias (espaço) entre as pessoas, mas os de comunicação, mais rapidamente (tempo), aproximaram as pessoas.
A Internet é um instrumento informático que se esquiva de ser próprio à reflexão, mas não esconde a sua superficialidade.
Considerando que as redes sociais se aproveitam da mídia eletrônica para reiterar falácias e opiniões irresponsáveis, nossa página, imitando a impressa por este jornal, procurou ter um conteúdo útil e compreensível, buscando matérias relevantes e de repercussão histórica.
Alguns manipuladores da Internet despejam nas redes sociais um lixo cultural de natureza racista, machista e neofascista.
Existem locais onde são servidas aos transeuntes doses de um elixir cultural que, por meio da música, favorece a observação de um estilo-de-vida verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama.
Bem cedo reconhecemos que a mídia eletrônica pode alcançar pessoas em várias partes do mundo, num piscar de olhos. Em 1996, entramos num curso preliminar (e precário) de informática, e compramos nosso primeiro computador.
Entre 1997 e 2017, mais de 3 bilhões de pessoas tiveram acesso aos sítios da Internet.
Com a indispensável ajuda de nosso amigo Rosber Neves Almeida, em 15 de junho de 1997 obtivemos nosso “lugar na Rede” (“Website”), ao lançar a página “Nassau’s Optics on Topics” (http://www.nassau.mus.br/). Estamos na Internet há mais de 20 anos (OJB, 25 mai 1998 e 07 out 2007). Nossa página pode ser acessada a qualquer tempo e em qualquer lugar do mun Nesses 20 anos, foi visitada por mais de 40 mil pessoas.
Nas primeiras edições, suscitou o interesse de internautas localizados em Londres (Inglaterra), Fort Worth (Texas, EUA), Portland (Oregon, EUA), Joanesburgo (África do Sul), Dacar (Senegal), Lisboa (Portugal), Nova Jersey (EUA), Paris (França) e Santo Domingo (República Dominicana).
Quais foram os frutos deste nosso investimento cultural?
Os visitantes puderam conhecer o “Cânone”, que registra as mais importantes obras da música, sacra e religiosa.
Aprenderam a distinguir várias formas da música-de-igreja.
Familiarizaram-se com os hinos dos hinógrafos alemães, ingleses, norte-americanos e brasileiros, e foram informados sobre os hinários que contribuíram para a preservação da hinodia evangélica.
Avaliaram livros básicos e especializados em música, e receberam sugestões de canto e música para o culto.
Na “Galeria” oferecemos informações sobre musicistas que prestigiaram a música evangélica e, por isso, são verbetes de nosso “Nassau – Dicionário de Música Evangélica” (1994).
Nossos leitores fizeram mais de 600 consultas, muitas com a finalidade de subsidiar trabalhos escolares, dissertações e teses universitárias.
A coleção das 72 edições da “Agenda” poderá servir como repositório de informações sobre a vida musical entre os evangélicos e protestantes no Brasil e no mundo, no período de 1997 a 2008.
No ano 2000, Umberto Eco declarou que estava pensando em criar grupos de universitários para monitorar os sites de natureza cultural; eles selecionariam os sites interessantes.
Se um jovem estudante iniciasse uma pesquisa sobre um assunto, poderia receber um aconselhamento por meio da Internet. Naquela época, início de um novo século, o estudante apertaria uma tecla, e receberia 10 mil sites sobre o tema pesquisado. Eco ressaltou o fato de que o excesso de informação resultaria em mero silêncio, deixando o estudante na solidão.
Em nossa página, pioneira na Internet, experimentamos fazer uma crítica cultural da música sacra, para oferecer ao visitante alguma reflexão sobre as obras elencadas, de modo a orientá-lo na seleção e aquisição das mais importantes.
Somos imensamente gratos aos mais de 40 mil visitantes de nossa página, produzida e distribuída sem qualquer remuneração.
Nosso ideal é que divulgue tudo o que é verdadeiro, puro e de boa fama.
(Publicado em “O Jornal Batista”)