Necrológio
Edith BrockMulholland
(1931-2017)
Rolando de Nassau
Depois de uma década de declínio de sua saúde física e vitimada por insuficiência cardíaca, faleceu, em 11 de março, em Alhambra, California (EUA), a extraordinária musicista Edith Mulholland.
Nascida em Dover, Idaho, num lar batista, onde a música sacra era uma parte fundamental de sua vida diária, Edith desde os 12 anos de idade era convidada para cantar em programas musicais eclesiásticos e comunitários. Nos hinos cantados no lar e na igreja ela aprendeu os fundamentos da fé cristã.
Várias vezes, devido aos compromissos profissionais de seu pai, sua família mudou o lugar de sua residência.
Com sete anos de idade, em 1938 foi batizada. Em1947 dedicou sua vida ao Senhor Jesus Cristo. Entregou-se ao ideal missionário em 1949.
Edith estudou, entre 1948 e 1950, educação cristã e música na uni versidade “Whitworth”.
Dewey Martin Mulholland, colega, que visava o trabalho missionário, citando as palavras do Salmista, “Exaltemos juntos o Seu nome” (Salmo 34: 3), propôs a Edith um casamento venturoso; casaram-se em 1º. de janeiro de 1948, numa igreja batista no estado do Oregon.
Em setembro de 1948, Dewey matriculou-se no seminário teológico “Fuller” e Edith na universidade de Pasadena e na escola de música da universidade estadual de San Jose, na California.
Em fevereiro de 1951, o casal foi nomeado pela sociedade de missões da convenção batista conservadora e enviado, como missionários no Brasil, para cooperar com a convenção batista do Piauí-Maranhão.
Foram, depois de estudar a língua portuguesa em Teresina (PI), para Floriano (PI), com o filho primogênito Timothy (que chegou a ser reitor da Universidade de Brasília), para trabalhar no Instituto Bíblico; Edith, na área musical.
Em 1959 o Instituto tornou-se seminário teológico.
A Convenção Batista do Distrito Federal solicitou ao Seminário, em 1974, que se transferisse para Brasília. O casal Mulholland veio acompanhado de Lawrence Rea e Mabel Sheldon.
A Faculdade Teológica Batista de Brasília começou a funcionar em fevereiro de 1976, num prédio da Sociedade Cultural Evangélica (SOCEB);
quando os Mulhollands voltaram para os EUA, a FTBB tinha mais de 300 alunos.
Por ser companheira do trabalho, serva da meticulosidade e amiga da verdade, Edith foi convidada em 1987 para a documentação histórica na elaboração do “Hinário para o Culto Cristão” (HCC). Ela tinha milhares de fichas sobre hinógrafos, hinólogos e hinários, imitando John Julian, que editou em 1957 um monumental dicionário.
Em janeiro de 1991 foi lançado o HCC. Em seguida, Edith começou a preparar as notas históricas do novo hinário denominacional.
Mesmo padecendo dores, Edith enfrentava com um sorrisocada dia de pesquisa e redação.
Durante dez anos ficamos aguardando um “companheiro”
para o HCC (ver: OJB, 11 junho 2001).
Antes de sair do Brasil, Edith concluiu seu prodigiosotrabalho; depois da obra de Henriqueta Rosa Fernandes Braga, é o mais importante documento hinológico na história da música evangélica no Brasil.
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Rolando de Nassau
Brasília, DF, em 13 de março de 2017.
Publicado em “O Jornal Batista”, de 09 abril 2017.